terça-feira, janeiro 03, 2012

UM MOMENTO PARA RENOVAÇÃO DA ALIANÇA

Salmo 81:1-16
Este maravilhoso Salmo inspirado pelo Espírito Santo foi trazido a todos nós através da sensibilidade poética do líder musical Asafe. O texto merece grande destaque na história judaica contendo profundos ensinamentos que nos levam ao estudo e meditação para o aprofundamento dos mais belos valores cristãos de obediência aos mandamentos divinos e consagração absoluta ao Senhor.
Não existe um consenso do tempo exato da composição do Salmo. Alguns estudiosos afirmam que foi composto para as Festas judaicas (onde eram tocadas as Trombetas), outros o ligam ao retorno da Arca da Aliança que esteve perdida e foi resgatada pelo Rei Davi. Finalmente, alguns afirmam que foi composto para a Festa da segunda dedicação do Templo construído por Neemias na volta do exílio babilônico.
Um aspecto importante nesse contexto histórico é a presença de um elemento comemorativo na primeira parte do salmo. Há evidências muito claras no próprio texto que o contexto da mensagem é um marco na história litúrgica judaica. Aquele era um momento especial de louvor e adoração a Deus que levava seus filhos a se comprometerem novamente com os mais ricos valores de Sua Palavra. Certamente o Salmo 81 retrata um momento singular preparado para reafirmar os aspectos e os valores do pacto de Deus com seu povo. O texto nos conduz a uma reflexão para um tempo de renovação da aliança.

UM MOMENTO PARA RENOVAÇÃO DA ALIANÇA

            A primeira parte do texto (v.1-5) enfoca um aspecto histórico comemorativo e uma motivação para o louvor a Deus. Esta parte se torna uma preparação para a apresentação dos termos do pacto e o incentivo à obediência. Eis alguns aspectos maravilhosos desse momento de louvor a Deus.

a)      Cantai de júbilo a Deus, nossa força (v.1) – “O Senhor é a minha força e o meu escudo; nele confiou o meu coração, e fui socorrido; pelo que o meu coração salta de prazer, e com o meu cântico o louvarei”. (Salmo 28:7).
b)      Celebrai ao Deus de Jacó (v.1) - Celebrai com júbilo ao Senhor, todos os habitantes da terra. Servi ao Senhor com alegria, e apresentai-vos a ele com cântico. (Salmo 100:1-2).
c)      Salmodiai com o tamboril e a harpa (v.2) – “Vinde, cantemos alegremente ao Senhor, cantemos com júbilo à rocha da nossa salvação. Apresentemo-nos diante dele com ações de graças, e celebremo-lo com salmos de louvor” (Salmo 95:1-2) e “Bom é render graças ao Senhor, e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo, anunciar de manhã a tua benignidade, e à noite a tua fidelidade, sobre um instrumento de dez cordas, e sobre o saltério, ao som solene da harpa” (Salmo 92:1-3).
d)     Tocai a trombeta nos dias especiais de Festa (v.3-5). Esta cerimônia especial foi uma ordem divina estabelecida em Números 10:1-10 e tinha vários significados. Elas serviam de comunicação para o povo das atividades religiosas e demonstravam que haveria uma ação divina. A importância fundamental dessa manifestação litúrgica era a criação de memorial da presença de Deus e ação divina em favor dos seus filhos amados -“Semelhantemente, no dia da vossa alegria, nas vossas festas fixas, e nos princípios dos vossos meses, tocareis as trombetas sobre os vossos holocaustos, e sobre os sacrifícios de vossas ofertas pacíficas; e eles vos serão por memorial perante vosso Deus. Eu sou o Senhor vosso Deus” (Números 10:10).
 
A segunda parte do salmo (v. 6-16) é a parte onde encontramos uma mensagem divina e um apelo a uma vida de fidelidade e obediência ao Senhor. O louvor e manifestações litúrgicas servem de preparação para a Palavra de Deus, que virá a seguir.
A partir do verso cinco podemos perceber uma mudança significativa da linguagem do salmo. O salmista declara que estava ouvindo outra voz que falava de maneira diferente e incisiva: “em uma linguagem desconhecida eu ouvi alguém dizendo” (v.5). Esta expressão mostra claramente que, assim como o pai disciplina ao seu filho amado, a voz de Deus iria exortar o seu povo. Com toda certeza, esta voz somente poderia ser reconhecida e entendida após o momento de adoração e quebrantamento de coração – “Porque nos temos tornado participantes de Cristo, se é que guardamos firme até o fim a nossa confiança inicial; enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações, como na provocação” (Hebreus 3:14-15).
Aqui vemos que Deus estabelece os termos do pacto com seu povo. Deus expõe as regras com muita clareza para que tudo seja obedecido e cumprido por seus filhos amados. Os termos não são novidade, eles serão sempre os mesmos princípios de amor e obediência ao Deus nosso Senhor. Os termos da renovação da aliança com Deus estão  bem claros na Palavra dita pelo Senhor.

  1. O QUE DEUS JÁ FEZ PELO SEU POVO (V.6-7).
a)      Libertou seu povo de quatrocentos anos de escravidão no Egito (v.6) – “Portanto dize aos filhos de Israel: Eu sou Javé; eu vos tirarei de debaixo das cargas dos egípcios, livrar-vos-ei da sua servidão, e vos resgatarei com braço estendido e com grandes juízos. Eu vos tomarei por meu povo e serei vosso Deus; e vós sabereis que eu sou Javé vosso Deus, que vos tiro de debaixo das cargas dos egípcios” (Êxodo 6:6,7).
b)      Ouviu a oração e o clamor do sofrimento dos seus servos (v.7) – “Mas os egípcios nos maltrataram e nos afligiram, e nos impuseram uma dura servidão. Então clamamos ao Senhor Deus de nossos pais, e o Senhor ouviu a nossa voz, e atentou para a nossa aflição, o nosso trabalho, e a nossa opressão; e o Senhor nos tirou do Egito com mão forte e braço estendido, com grande espanto, e com sinais e maravilhas; e nos trouxe a este lugar, e nos deu esta terra, terra que mana leite e mel” (Deuteronômio 26:6-9). “E invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás” (Salmo 50:15).
c)      No tempo certo apresentou uma resposta poderosa e eficiente (v.7) – “Então Moisés estendeu a mão sobre o mar; e o Senhor fez retirar o mar por um forte vento oriental toda aquela noite, e fez do mar terra seca, e as águas foram divididas. E os filhos de Israel entraram pelo meio do mar em seco; e as águas foram-lhes qual muro à sua direita e à sua esquerda” (Êxodo 14:21-22). Para libertar seu povo Deus movimenta as forças da natureza que Ele mesmo criou e mostra seu imenso poder e amor.
d)     Mostrou cuidado e misericórdia com o seu povo e providenciou água da rocha em Meribá – “Mas o povo, tendo sede ali, murmurou contra Moisés, dizendo: Por que nos fizeste subir do Egito, para nos matares de sede, a nós e aos nossos filhos, e ao nosso gado? Pelo que Moisés, clamando ao Senhor, disse: Que hei de fazer a este povo? daqui a pouco me apedrejará. Então disse o Senhor a Moisés: Passa adiante do povo, e leva contigo alguns dos anciãos de Israel; toma na mão a tua vara, com que feriste o rio, e vai-te. Eis que eu estarei ali diante de ti sobre a rocha, em Horebe; ferirás a rocha, e dela sairá água para que o povo possa beber. Assim, pois fez Moisés à vista dos anciãos de Israel. E deu ao lugar o nome de Massá e Meribá, por causa da contenda dos filhos de Israel, e porque tentaram ao Senhor, dizendo: Está o Senhor no meio de nós, ou não?” (Êxodo 17:2-7). 

  1. O QUE DEUS EXIGE DO SEU POVO (V.8- 10).
a)      Afastar-se completamente da idolatria (v.9). “Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim” (Êx 20:2-3). Idolatria é depositar a confiança e a fé em outros deuses – “Pois, ainda que haja também alguns que se chamem deuses, quer no céu quer na terra (como há muitos deuses e muitos senhores), todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual existem todas as coisas, e por ele nós também” (I Co.8:6-7). Então, a idolatria é depositar fé naquilo que  nada pode fazer, ou seja, idolatria é falta de fé.
b)      Confiar unicamente no Senhor. A resposta direta de Deus (v.10) é “Eu sou o Senhor teu Deus que tirei da terra do Egito” A confiança do povo deve ser depositada somente e unicamente em Deus. Deus não admite dividir a sua glória e louvor com ninguém – “Dize-lhes pois: Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Maldito o homem que não ouvir as palavras deste pacto, que ordenei a vossos pais no dia em que os tirei da terra do Egito, da fornalha de ferro, dizendo: Ouvi a minha voz, e fazei conforme a tudo que vos mando; assim vós sereis o meu povo, e eu serei o vosso Deus” (Jeremias 11:3-4).
c)      E como consequência para uma vida de obediência e confiança Deus ainda fala da satisfação plena do seu povo, a verdadeira prosperidade: “abre bem a tua boca e ta encherei” (v.10) – “Confia no Senhor e faze o bem; assim habitarás na terra, e te alimentarás em segurança. Deleita-te também no Senhor, e ele te concederá o que deseja o teu coração” (Salmo 37:3-4). 

  1. O EXEMPLO NEGATIVO DO PASSADO (V.11-12).
a)      O povo foi desobediente e não andou nos caminhos do Senhor (v.11) – “Acaso trocou alguma nação os seus deuses, que, contudo não são deuses? Mas o meu povo trocou a sua glória por aquilo que é de nenhum proveito. Espantai-vos disto, ó céus, e horrorizai-vos! ficai verdadeiramente desolados, diz o Senhor. Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram o manancial de águas vivas, e cavaram para si cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas” (Jeremias 2:11-12).
b)      Andaram segundo a teimosia do seu próprio coração (v.12) – “Mas isto lhes ordenei: Dai ouvidos à minha voz, e eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; andai em todo o caminho que eu vos mandar, para que vos vá bem. Mas não ouviram, nem inclinaram os seus ouvidos; porém andaram nos seus próprios conselhos, no propósito do seu coração malvado; e andaram para trás, e não para diante” (Jeremias 7:23-24). 

  1. O QUE DEUS PODE FAZER POR SEU POVO (V.13-16).
São maravilhosas as promessas de Deus aos seus servos fieis (v.8-9) – “Assim diz o Senhor, o teu Redentor, o Santo de Israel: Eu sou o Senhor, o teu Deus, que te ensina o que é útil, e te guia pelo caminho em que deves andar. Ah! se tivesses dado ouvidos aos meus mandamentos! então seria a tua paz como um rio, e a tua justiça como as ondas do mar também a tua descendência teria sido como a areia, e os que procedem das tuas entranhas como os seus grãos; o seu nome nunca seria cortado nem destruído de diante de mim.” (Isaías 48:17-19).

a)      Vitória completa sobre os inimigos e adversários (v. 14):

a.       Os inimigos e adversários seriam dominados e transformados em servos (v.15) – “Feliz és tu, ó Israel! quem é semelhante a ti? um povo salvo pelo Senhor, o escudo do teu socorro, e a espada da tua majestade; pelo que os teus inimigos te serão sujeitos, e tu pisarás sobre as suas alturas” (Deut.33:29).
b.      Essa situação vitoriosa não seria passageira, mas duraria eternamente (v.15) – “Eis que vêm os dias, diz o Senhor, em que cumprirei a boa palavra que falei acerca da casa de Israel e acerca da casa de Judá. Naqueles dias e naquele tempo farei que brote a Davi um Renovo de justiça; ele executará juízo e justiça na terra. Naqueles dias Judá será salvo e Jerusalém habitará em segurança; e este é o nome que lhe chamarão: O SENHOR É NOSSA JUSTIÇA” (Jeremias 33:14-17).

b)      A bênção de Deus como consequência da obediência:

a.       Deus os sustentaria com o trigo mais fino – sustento constante (v.16) - “E as eiras se encherão de trigo, e os lagares trasbordarão de mosto e de azeite. Comereis abundantemente e vos fartareis, e louvareis o nome do Senhor vosso Deus, que procedeu para convosco maravilhosamente; e o meu povo nunca será envergonhado. Vós, pois, sabereis que eu estou no meio de Israel, e que eu sou o Senhor vosso Deus, e que não há outro; e o meu povo nunca mais será envergonhado” (Joel 2:24,26-27).
b.      Deus os saciaria com o mel da rocha – prazer incomensurável (v.16) - “Como a águia desperta o seu ninho, adeja sobre os seus filhos e, estendendo as suas asas, toma-os, e os leva sobre as suas asas, assim só o Senhor o guiou, e não havia com ele deus estranho. Ele o fez cavalgar sobre as alturas da terra, e comer os frutos do campo; também o fez chupar mel da rocha e azeite da dura pederneira, coalhada das vacas e leite das ovelhas, com a gordura dos cordeiros, dos carneiros de Basã, e dos bodes, com o mais fino trigo; e por vinho bebeste o sangue das uvas” (Deut. 32:11-14).

             Os símbolos e as festas do passado sempre foram instrumentos de formação dos valores e condução do povo nos caminhos da obediência aos preceitos do Senhor Javé. Este Salmo deveria ser cantado e utilizado como instrumento especial de Deus para uma renovação da aliança com o Senhor.
            Essa didática do nosso Pai Celestial é muito comum na Escritura. Quando o povo de Deus recebeu a lei através de Moisés a lei foi repetida várias vezes para que fosse sempre lembrada e praticada por várias gerações. Um livro da Bíblia é uma repetição dessa lei. É o livro de Deuteronômio. Antes de Josué entrar na terra prometida ele coloca novamente esses preceitos diante do povo e conclama o povo a se consagrar renovando a aliança com Deus – “Agora, pois, temei ao Senhor, e servi-o com sinceridade e com verdade; deitai fora os deuses a que serviram vossos pais dalém do Rio, e no Egito, e servi ao Senhor. Mas, se vos parece mal o servirdes ao Senhor, escolhei hoje a quem haveis de servir; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do Rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Josué 24:14-15).
            O Salmo 81 é uma grande lição de amor de Deus por seu povo. Era cantado nos momentos de festa para servir de memorial. Mostrava o que Deus tinha feito e o que Deus poderia ainda fazer. Era uma grande motivação para uma vida melhor do povo escolhido. Uma vida melhor significa sempre voltar-se para os braços do Pai Celestial e refazer os compromissos. Que este momento seja uma oportunidade única para uma renovação da aliança com o nosso amado Pai.
“Eis que os dias vêm, diz o Senhor, em que farei um pacto novo com a casa de Israel e com a casa de Judá, não conforme o pacto que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito, esse meu pacto que eles invalidaram, apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor. Mas este é o pacto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo” (Jeremias 31:31-33).

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