Prédio adquirido para ser a futura Igreja Presbiteriana do Itapoã e região - DF 250 - Itapoã - DF
“Como desconhecidos, porém bem conhecidos; como quem morre, e eis que vivemos; como castigados, porém não mortos; como entristecidos, mas sempre alegres; como pobres, mas enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo” (2 Cor. 6:9-10).
quinta-feira, setembro 13, 2012
CHUVA DE BÊNÇÃOS
Quarta-feira foi um dia marcante. Foi o dia mais quente de 2012 em Brasília. Durante a noite estávamos na nossa reunião semanal de oração no Itapoã e ficamos com o coração cheio de alegria em ver uma participação tão expressiva que superou os números anteriores. Antes de ir embora passamos na casa do Raimundo para orar pela saúde da dona Terezinha. Durante a oração Deus nos premiou com uma chuva deliciosa. Deu vontade de brincar na chuva. Não sei se já está chovendo em Brasília, mas aqui na região do Itapoã Deus têm nos dado uma verdadeira chuva de bênçãos!
sábado, abril 28, 2012
O PRIMEIRO MILAGRE DE JESUS
O texto bíblico de
João 2:1-12 relata a história do primeiro milagre de Jesus. Ele viveu e
desenvolveu seu ministério na região mais pobre da Palestina. A Galiléia era
uma vasta região ao norte do atual estado judeu. Este fato marcante aconteceu
na cidade de Caná da Galiléia.
O primeiro milagre de Jesus é narrado
pelo apóstolo João. Ele registra cada acontecimento na perspectiva da
valorização dos sinais sobrenaturais e marcantes que confirmam a divindade de
Jesus Cristo e da fé salvadora no Filho de Deus. João afirma que “Com este, deu Jesus princípio a seus sinais
em Caná da Galiléia, manifestou a sua glória, e seus discípulos creram nele” (v.11).
Naquele dia Jesus Cristo transformou um
casamento destinado ao fracasso numa celebração de vida e alegria. A água foi
transformada em vinho da melhor qualidade. Podemos aprender algumas preciosas
lições com o primeiro milagre de Jesus.
1. Jesus foi convidado para o casamento
(v. 2). Esta afirmação mostra a importância de ter Jesus participando da nossa
vida e atuando em nossa família. Mesmo que problemas aconteçam, quando Jesus
está presente as soluções aparecem e a vitória é certa. “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a
porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo” (apocalipse
3:20).
2. Fazei tudo quando ele vos disser (v.
5). A autoridade de Jesus é revelada pela palavra de obediência a tudo que ele ordenar.
Diante da dificuldade que apareceu, quando o vinho da festa acabou, Maria deu
ordens aos serventes (ou diáconos) apontando para a obediência a Jesus. Esta é
uma lição que devemos praticar diariamente para sermos abençoados. Fazer tudo
que Jesus mandar em sua Palavra. “Vós
sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando” (João 15:14).
3. Enchei com água as talhas de
purificação (v. 7). Esse foi um passo de fé que os serventes deram por
obediência à Palavra de Jesus. Não foi
algo comum, pois as talhas eram usadas para cerimônias de lavagem e purificação.
Entretanto, a água que ali foi colocada se transformou em vinho da melhor
qualidade mostrando que o milagre ocorre pela força da fé e na obediência a uma
palavra do Filho de Deus. “Cheguemo-nos
com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo o coração purificado da
má consciência, e o corpo lavado com água limpa”(Hebreus 10:22).
4. Guardaste o bom vinho até agora
(v.10). A obra de Deus sempre é perfeita e especial. Ser cristão é viver e
viver com qualidade de vida. Quem tem fé em Jesus Cristo e obedece à sua
palavra certamente será recompensado com as maiores e melhores bênçãos de Deus.
“Eu vim para que tenham vida e a tenham
em abundância” (João 10:10).
5. Manifestou a sua glória e seus
discípulos creram nele (v.11). Esse sinal foi um marco de fé na vida dos
discípulos. Foi um dia inesquecível para todos os seus seguidores. Foi a visão
da glória de Deus. Eles nunca se esqueceram do primeiro milagre e fundamentaram
ali a fé no Senhor Jesus. Que a nossa fé esteja fundamentada em um Cristo vivo
e salvador. “Estes [sinais] foram
registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que,
crendo, tenhais vida em seu nome” (João 20:31).
Ao nosso Senhor Jesus Cristo seja todo
o louvor!
sexta-feira, abril 06, 2012
AS SETE PALAVRAS DA CRUZ
Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de
mulher, nascido sob a lei. (Gálatas 4:4)
Este é um fim de semana muito
especial para todos os cristãos. É a festa de comemoração da Páscoa. Os
cristãos relembram o sacrifício de Jesus e a sua gloriosa ressurreição. Há sete
expressões que marcaram a morte de Cristo na cruz do Calvário e que precisamos
sempre rememorar.
1. João 19:25-27 – AMOR:
“E junto à cruz estavam a mãe de Jesus, e a irmã dela, e Maria, mulher
de Clopas, e Maria Madalena. Vendo Jesus a sua mãe e junto a ela o discípulo
amado, disse: Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí a
tua mãe. Dessa hora em diante, o discípulo a tomou para casa”.
2. Lucas 23:33,34 – PERDÃO:
“Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram, bem
como aos malfeitores, um à direita, outro à sua esquerda. Contudo, Jesus dizia:
Pai, perdoa-lhes, por que não sabem o que fazem. Então, repartindo as vestes
dele, lançaram sortes”.
3. Lucas 23:42,43 - VIDA ETERNA:
“E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino.
Jesus respondeu: em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso”.
4. Marcos 15:34 e Mateus 27:46 – JUSTIÇA:
“Por volta da hora nona, clamou Jesus em alta voz: Eli,Eli lamá
sabactâni? O que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”.
5. João 19:28 - AUTORIDADE:
“Depois, vendo Jesus que tudo já estava consumado, para se cumprir a
Escritura, disse: Tenho sede”.
6. João 19:30 - VITÓRIA:
“Quando, pois, Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado! E,
inclinando a cabeça, rendeu o espírito”.
7. Lucas 23:46 - REALIZAÇÃO:
“Então, Jesus clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu
espírito! E, dito isto, expirou”.
Estas são as palavras finais do
nosso Senhor Jesus Cristo. Elas mostram o quanto Ele é especial para a história
da humanidade e para cada um de nós. Ele está vivo e a sua mensagem continua a
falar profundamente aos nossos corações. Jesus está vivo! Ele ressuscitou!
Feliz Páscoa!
quinta-feira, março 29, 2012
SÊ FORTE E CORAJOSO
“Depois da morte de Moisés,
servo do Senhor, falou o Senhor a Josué, filho de Num, servidor de Moisés,
dizendo: Moisés, meu servo, é morto; levanta-te pois agora, passa este Jordão,
tu e todo este povo, para a terra que eu dou aos filhos de Israel. Sê forte e
corajoso, porque tu farás a este povo herdar a terra que jurei a seus pais. Tão
somente sê forte e mui corajoso, cuidando de fazer conforme toda a lei que meu
servo Moisés te ordenou; não te desvies dela, nem para a direita nem para a
esquerda, a fim de que sejas bem sucedido por onde quer que andares. Não se
aparte da tua boca o livro desta lei, antes medita nele dia e noite, para que
tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está escrito; porque então
farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido. Não to mandei eu? Sê forte
e corajoso; não te atemorizes, nem te espantes; porque o Senhor teu Deus está
contigo, por onde quer que andares” (Josué 1:1-2;6-9).
O texto citado é
exatamente colocado entre duas lideranças judaicas. Moisés foi o libertador do
cativeiro egípcio. O poder de Deus se manifestou poderosamente através da vida
de Moisés. Deus julgou os deuses do Egito e libertou seu povo.
Josué é o sucessor de
Moisés e deveria conduzir o povo na conquista da terra prometida. Não seria uma
missão fácil e o texto é uma palavra de preparação para uma grande conquista. Há
no texto citado a repetição tripla da mesma expressão: “Sê forte e corajoso!” A
mesma expressão é repetida com diferentes lições e aplicações. Assim, vejamos o
que cada uma delas significa.
SÊ FORTE E CORAJOSO
SÊ FORTE E CORAJOSO PARA CONQUISTAR AS GRANDES PROMESSAS DO SENHOR (v.6).
SÊ FORTE E CORAJOSO PARA CONQUISTAR AS GRANDES PROMESSAS DO SENHOR (v.6).
No verso seis Deus
fala que Josué deveria ser forte e corajoso para conquistar a terra que Deus,
em juramento, havia prometido aos seus pais. Para aquele momento história seria
necessário muita força e coragem. A conquista da terra de Canaã como promessa
do Senhor era o alvo a ser atingido.
Assim como o salmista
declara no Salmo 27: “Espera tu pelo
Senhor; anima-te, e fortalece o teu coração; espera, pois, pelo Senhor”. Da
mesma maneira encontramos a palavra de fortalecimento do Rei Ezequias para o
povo, quando estava cercado por Senaqueribe. Com fé em Deus ele declara: “Sede corajosos, e tende bom ânimo; não
temais, nem vos espanteis, por causa do rei da Assíria, nem por causa de toda a
multidão que está com ele, pois há conosco um maior do que o que está com ele. Com
ele está um braço de carne, mas conosco o Senhor nosso Deus, para nos ajudar e
para guerrear por nós. E o povo descansou nas palavras de Ezequias, rei de Judá”
(II Crõnicas 32:7-8).
SE FORTE E CORAJOSO
PARA OBEDECER COM FIDELIDADE A PALAVRA DO SENHOR (v.7).
Deus também afirma a
importância da obediência a todas as ordenanças da lei do Senhor. Seria necessário
muita força e coragem para cumprir a lei do Senhor. O caminho da obediência merece
ser seguido com fidelidade e dedicação. Para obedecer é necessário meditar
diariamente (v.8). A obediência à Palavra
de Deus é o caminho apontado por Deus para que possamos atingir o alvo, é a
maneira de alcançar as grandes promessas do Senhor.
O texto também mostra
a importância do equilíbrio na obediência e aplicação dos princípios bíblicos.
Josué não deveria se desviar da lei do Senhor, nem para a direita, nem para a
esquerda. Assim encontramos essa lição tão viva em Provérbios de Salomão:“Não declines nem para a direita nem para a
esquerda; retira o teu pé do mal” (Pv. 4:27).
Esse é o maior
desafio para os cristãos do nosso século. Obedecer à palavra de Deus de maneira
sábia e equilibrada. É necessário fugir do liberalismo cego e carnal. Algumas
pessoas perdem totalmente o respeito pelo sagrado e pelos valores espirituais –
I Coríntios 11:21. Por outro lado, também é necessário fugir do fanatismo
legalista que valoriza uma aplicação literalista e radical da Palavra de Deus.
Essa aplicação sem bom senso e estremada tem atrapalhado muitas pessoas a
seguirem um evangelho vivo e rico dos princípios cristãos genuínos – Mateus 7:5,15.
SÊ FORTE E CORAJOSO PARA
ANDAR COM DEUS, POIS ELE SERÁ CONTIGO POR ONDE QUER QUE ANDARES. (v.9).
Finalmente Deus
motiva Josué a andar com o Senhor por todos os dias da sua vida. Para todos os
momentos da vida do líder ele deveria andar com Deus. Esse é o propósito
supremo da criação humana. Glorificar a Deus e ter o prazer de viver com Ele todos
os dias.
Assim encontramos as
palavras da profecia de Isaías. “Mas
agora, assim diz o Senhor que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não
temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu. Quando passares
pelas águas, eu serei contigo; quando pelos rios, eles não te submergirão;
quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti. Porque
eu sou o Senhor teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador” (Is. 43:1-3).
Vale a pena lembrar
das palavras de Jesus na grande comissão. “Portanto
ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do
Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos
tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos
séculos” (Mateus 28:19-20). O verdadeiro cristão é aquele que vive na
presença do seu mestre. Jesus está conosco. Temos de andar diariamente com Ele.
Sejamos fortes e
corajosos!
sexta-feira, fevereiro 17, 2012
UM RETORNO AO MOVIMENTO DE JESUS
“Então voltou Jesus para a Galiléia no poder do Espírito; e
a sua fama correu por toda a circunvizinhança. Ensinava nas sinagogas deles, e
por todos era louvado. Chegando a Nazaré, onde fora criado; entrou na sinagoga
no dia de sábado, segundo o seu costume, e levantou-se para ler. Foi-lhe
entregue o livro do profeta Isaías; e abrindo-o, achou o lugar em que estava
escrito: O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar
boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e
restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e para
proclamar o ano aceitável do Senhor. E fechando o livro, devolveu-o ao
assistente e sentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele.
Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta escritura aos vossos ouvidos” (Lucas 4:14-21).
Dia 31 de
outubro de 2008 a Reforma Protestante completou 491 anos. Em 1517 Martinho
Lutero fixou um importante documento com noventa e cinco teses na porta da
Igreja do castelo de Wittenberg na Alemanha. Inicialmente a luta
de Lutero era apenas contra a cobrança de indulgências (pagamento por perdão de
pecados). Posteriormente, o movimento se espalhou por toda a Europa e causou uma
profunda mudança no mundo religioso e político com conseqüências tão profundas
que sua influência mudou toda a história da humanidade ocidental até os dias de
hoje.
Este foi o
grande legado da Reforma Protestante – O retorno à fonte do cristianismo,
através da Escritura Sagrada. Desta forma, quando olhamos para o Novo
Testamento e lemos sobre Jesus de Nazaré somos desafiados a continuar a Reforma
refletindo naquilo que esta reforma ainda não reformou.
À luz da Escritura queremos propor uma volta aos princípios básicos do
movimento de Jesus Cristo. É importante lembrar que há uma diferença entre
movimento de Jesus e cristianismo. O movimento de Jesus é aquele ocorrido na época que Ele viveu, que foi registrado pelos evangelistas. O movimento de Jesus
é o cristianismo na sua essência. O que se denomina cristianismo ocorre num
momento que consideramos posterior, quando já havia uma estrutura eclesiástica.
Olhar para o movimento de Jesus é enxergar o cristianismo na sua forma original,
ainda distante da interferência institucional e eclesiástica.
Então,
quais as características fundamentais do movimento de Jesus?
CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS DO MOVIMENTO DE JESUS CRISTO
1. JESUS CRISTO ROMPEU COM AS ESTRUTURAS DE PODER
O movimento de Jesus era um movimento de resistência do ser
humano. Jesus Cristo nasceu, viveu e morreu num contexto de grande pressão. Por
isso sempre vemos nas parábolas de Jesus uma presença forte desse elemento
social de extrema pressão. O credor incompassivo (Mt. 18:23-35), o servo
vigilante, os trabalhadores infiéis (Mt. 21:33-46), o rico e lazaro (Lc.
16:19-31), o juiz iníquo (Lc. 18:1-8). Quais sãos estas estruturas de poder?
A) Poder Religioso. Jesus enfrentou e rompeu
com as estruturas do poder religioso. No texto de Lucas vemos Jesus entrando
para ensinar numa sinagoga (Lucas 4:14,16). Por que Jesus valorizava tanto a
Sinagoga em detrimento do Templo? Com certeza, podemos ver que há um grande
conflito entre o Templo e a Sinagoga. O templo representava o poder religioso
exercido por uma elite sacerdotal que se colocava entre o povo e o Deus Todo
Poderoso.
Os maiores conflitos de Jesus se deram nesse campo
religioso e teológico. Jesus ensinava que o espírito da lei era mais importante
e que toda essa estrutura de poder não tinha valor aos olhos de Deus. Como Ele
mesmo afirmou: “os últimos seriam os primeiros”.
B) Poder Político. Jesus enfrentou e rompeu
com as estruturas de poder político. Em Marcos 12:13-15 temos a
questão do tributo. Foi uma ação proposital dos fariseus em acusar Jesus de
algum erro. É licito ou não pagar tributo aos romanos? Jesus ao pedir uma moeda
já os condena por seu legalismo e afirma que deviam dar a Cesar o que é de
Cesar, mas a Deus o que é de Deus. Ou seja, a terra não é de Cesar, mas de
Deus. A vida humana não é de Cesar, mas de Deus, que criou o ser humano com
liberdade. Toda a exploração do homem pelo homem não é aprovada por Jesus. Na
história da cura do endemoniado geraseno, em Marcos 5:7-13 encontramos fortes
indícios de resistência de Jesus ao poder político. Nesse caso específico Jesus
pergunta o nome dos demônios (o que normalmente não acontece em outras
situações). A resposta na palavra “Legião” (v.9) já é um forte indício de afronta
ao poder de Roma, pois esta palavra não existia em aramaico e podia significar
diretamente uma referência aos dominadores. Aos demônios ou à “legião romana”
foi permitido entrar nos porcos (que era considerado um animal impuro para os
judeus) e morrerem no despenhadeiro.
2. JESUS CRISTO
PREGOU A IGUALDADE.
O
movimento de Jesus era um movimento de libertação do ser humano. Jesus
valorizou o ser humano em sua plenitude. Ele não preferiu um grupo em
particular, mas pregou a igualdade ampla e irrestrita. Na contramão da nossa
sociedade consumista, a pregação de Jesus valoriza o ser humano por ser e não
por ter. “Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça (avareza);
porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui” (Lucas
12:15).
A) Jesus
pregou a igualdade social.
E por que
havia tantos pobres no movimento de Jesus? Com certeza, pelo fato de serem a
maioria naquela sociedade desigual. Por certo, a participação seria muito maior
da parte injustiçada. Havia pobres, mas havia também ricos, que deveriam
repartir o que tinham. José de Arimatéia (Lucas 12:21); Zaqueu (Lucas 19:2) e o
jovem rico que não quis repartir sua riqueza (Mateus 19:20-21).
Na
pregação de Jesus havia um forte e evidente apelo de libertação, que poderia
ser interpretado tanto de maneira espiritual e teológica, como também de
maneira real e física – João 8:32.
B) Jesus
pregou a igualdade familiar.
Ele não
deu preferência ao homem ou à mulher, mas valorizou ambos. Assim como aconteceu
com os pobres, esse nivelamento já colocou a mulher em um lugar muito além de
sua realidade para a época. Dessa forma podemos afirmar com toda certeza que a mulher
teve um lugar preponderante no ministério de Jesus.
É o que
podemos comprovar em Lucas 8:1-3 quando lemos que várias mulheres participavam
ativamente do movimento de Jesus, inclusive prestando assistência com seus
bens. Podemos confirmar essa presença feminina de forma clara no evangelho de
João. Tanto poderia ser uma resposta evidente contra as cartas pastorais que já
pretendiam calar as mulheres.
Em João
2:5 vemos uma mulher (Maria, mãe de Jesus) dando ordens aos serventes (diáconos).
Em João 4 encontramos um diálogo de Jesus com a mulher samaritana, que
reconhece a messianidade de Jesus. Em João 11:27 Marta faz uma importante
confissão: “Tu és o Cristo, Filho de Deus”. Em João 12:1-8 Jesus é ungido por
Maria (irmã de Marta), o que demonstra a profundidade da sensibilidade feminina
que já havia percebido, antes a morte de Jesus, a necessidade de uma preparação
especial do seu corpo para a morte. Os discípulos não perceberam o que Maria
fez e a criticaram, porém foram exortados por Jesus. Na crucificação vemos que
o evangelho de João relata a presença das mulheres aos pés da cruz (João
19:25-17) e, finalmente em João 20:1-18 (Maria Madalena). Podemos ler com
clareza que Jesus aparece primeiro às mulheres (Mt. 28:1-10; Mc. 161-11; Lc.
24:1-12) e as envia (apóstolas) para que anunciem aos discípulos as boas novas
da ressurreição. Fato que o apóstolo Paulo não menciona em I Cor. 151-8. O
movimento de Jesus é totalmente igualitário, as mulheres só foram sendo
excluídas à medida que a igreja se aproximava do estado romano com sua conduta
totalmente patriarcal.
3. JESUS
CRISTO SUPRIU AS NECESSIDADES BÁSICAS DO SER HUMANO.
O
movimento de Jesus Cristo era um movimento de redenção do ser
humano. Desde os primórdios da humanidade o ser humano tem buscado o
contato com o sobrenatural ou com alguma forma de divindade. O ser humano
sempre buscou algo para dar sentido à sua existência. O movimento de Jesus
aconteceu num momento especial no tempo e na história para suprir as
necessidades básicas de cada pessoa, transformando-os em seus
discípulos. Jesus supriu as necessidades espirituais do ser humano.
O texto de
Lucas 4:16-21 mostra que o tempo de Jesus havia chegado. O texto narra que na
Sinagoga Jesus leu a palavra profética de Isaías (Is. 61:1-2). Ele se assenta e
todos o olham. Após alguns instantes ele afirma: “Hoje se cumpriu a Escritura que
acabais de ouvir”.
Jesus
supriu as necessidades espirituais, pois veio para cumprir as profecias que
falavam sobre um redentor. Em Genesis 2:15 Deus promete um descendente de
mulher para destruir a semente da serpente. Em Isaías 53:1-12 lemos uma
profecia falando da morte do salvador, escrita há mais de seis séculos antes. A
morte que foi o preço de sangue para perdão dos pecados. “...ele foi ferido por causa das
nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniqüidades; o castigo
que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.
Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu
caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós” (Isaías 53:5,6).
Jesus veio
no tempo certo, para cumprir os propósitos de Deus, conforme diz o apóstolo
Paulo: “Assim também nós,
quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão debaixo dos rudimentos do
mundo; mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de
mulher, nascido debaixo de lei, para resgatar os que estavam debaixo de lei, a
fim de recebermos a adoção de filhos”. Gálatas 4:4-7.
Jesus
curava e alimentava as pessoas para mostrar uma redenção completa, como diz o
pacto dos cristãos feito na cidade de Lausane. “Um evangelho pleno, para todo
homem e para o homem todo”.
CONCLUSÃO
Outro grande ensinamento dos reformadores está sintetizado na expressão em latim: “Eclesia reformata et reformand est” - Igreja reformada sempre se reformando. A Reforma protestante deveria ser apenas o grande começo de uma caminhada de retorno aos princípios esquecidos nas origens do verdadeiro cristianismo – Jesus de Nazaré. Esse retorno deveria seguir um processo maduro de continuidade. É necessário continuar reformando a cada dia e fazer isso implica em conhecer melhor as características do movimento de Jesus Cristo.
Outro grande ensinamento dos reformadores está sintetizado na expressão em latim: “Eclesia reformata et reformand est” - Igreja reformada sempre se reformando. A Reforma protestante deveria ser apenas o grande começo de uma caminhada de retorno aos princípios esquecidos nas origens do verdadeiro cristianismo – Jesus de Nazaré. Esse retorno deveria seguir um processo maduro de continuidade. É necessário continuar reformando a cada dia e fazer isso implica em conhecer melhor as características do movimento de Jesus Cristo.
Romper com as estruturas de poder significa lutar contra o
consumismo, contra o misticismo religioso sem fundamento, contra o elitismo
sacerdotal e institucional que se coloca entre Deus e os homens. Pregar a
igualdade significa dividir melhor as riquezas, alimentar e ensinar os famintos
e pobres, clamar por libertação dos inocentes e escravos modernos.
Finalmente, para proclamar as boas novas de Jesus Cristo,
que veio satisfazer e redimir o ser humano, devemos fazer esta pregação mais
com nossas atitudes e menos com nossas palavras mentirosas e cheias de
hipocrisia. Tudo isso para que não possamos ouvir uma declaração tão sincera
como a de Mahatma Gandhi: “Eu
quero tudo com seu Cristo, mas não quero esse cristianismo”.
Deus nos ajude!
A PRESENÇA FEMININA NA GENEALOGIA DE JESUS
INTRODUÇÃO
A
presença de nomes femininos na genealogia registrada no evangelho canônico de
Mateus é um fato incomum e surpreendente, pois nos registros genealógicos dos
livros canônicos normalmente não aparecem o nome das mulheres.
Tamar,
Raabe, Rute, Bate-Seba e Maria tiveram seus nomes incluídos nessa importante
genealogia. Todas foram fortes e venceram suas batalhas pessoais e familiares.
Todas sofreram e choraram para cumprir o seu papel de mulher e de ser humano.
Com suas vitórias, todas deixaram seus nomes marcados para sempre na história.
A
presença dessas mulheres na genealogia de Jesus não é por acaso. Qual foi o propósito
do escritor bíblico em registrar esses nomes? Por que razão ele mencionaria
essas histórias? Qual a ligação delas com o nascimento de Jesus nesse contexto
judaico-cristão na comunidade de Mateus? Nesse caso específico, qual era o
objetivo do escritor-evangelista?
Para
compreender esta surpreendente citação feminina na genealogia de Jesus a
presente pesquisa pretende seguir três pontos fundamentais: Primeiramente,
analisar o pano de fundo contextual do evangelho de Mateus. Em segundo lugar,
mostrar o significado do uso de genealogias naquele momento histórico e a sua
importância como justificativa de autoridade. Em terceiro lugar, estudar a
história de Tamar, Raabe, Rute, Bate-Seba para perceber as diferenças e
semelhanças entre cada uma delas. Assim, será possível vislumbrar algumas
respostas sobre o objetivo do escritor-evangelista ao fazer referência a cada
uma dessas mulheres.
Sobre
a situação que moldou o evangelho de Mateus, provavelmente, há mais acordo do
que sobre os demais evangelhos canônicos. Ao que parece o evangelista escreveu
a sua carta em resposta ao período de transição que se segue à revolta judaica,
em 66-73 D.C., e à transformação resultante tanto no judaísmo como no
cristianismo. Possivelmente, Mateus tenha escrito seu evangelho em alguma época
das décadas dos anos 80 e 90, para uma comunidade urbana na área da Síria.
O
propósito principal do livro é testificar que Jesus era o Messias da promessa
do primeiro testamento e que sua missão messiânica consistia em trazer o reino
de Deus até os homens.
Para
Jesus, na sociedade deveria haver lugar para todos: mulheres e homens, pobres e
ignorantes. O reino de Deus, proclamação central de Jesus, é um reino ideal no
qual não pode haver guerras nem dominação, tampouco fome e discriminação, pois
todas as vidas são preciosas aos olhos de Deus.
A GENEALOGIA E SEU
SIGNIFICADO
A
palavra genealogia deriva de duas palavras do grego genoς (raça) e logia (estudo) e
pode ser traduzida por estudo da raça humana, da origem, da descendência e das
relação entre famílias. No caso de algumas nações antigas, as genealogias se
revestiam de grande importância, pois as sociedades eram organizadas segundo as
linhagens tribais.
Na
cultura dos hebreus, as genealogias preservavam as identificações tribais e as
possessões sob forma de terras, sendo muito importante para uma cultura
nitidamente agrícola.
Os
registros genealógicos judaicos contêm informações que se estendem por um
período de mais de três mil e quinhentos anos, desde a história da criação de
Adão até o cativeiro babilônico.
Após
o cativeiro babilônico, os judeus mostraram-se extremamente cuidadosos em
preservar seus registros genealógicos. O historiador Flávio Josefo afirma que
era capaz de provar que descendia da tribo de Levi, mediante registros públicos
disponíveis. (De vita sua, par. 998). Ele também afirma que, a despeito dos
cativeiros e dispersões sofridas por Israel, as tábuas genealógicas nunca foram
negligenciadas. Durante o período de dominação romana, entretanto, houve grande
destruição desses registros genealógicos e a preservação das linhagens
tornou-se um empreendimento privado e, sem dúvida, inexato. Tanto as
genealogias públicas quanto as bíblicas, com freqüência, envolviam muitos
hiatos, alguns deles graves, pelo que consideráveis inexatidões penetram na
questão, mesmo nos tempos antigos, antes do começo do cristianismo.
Algumas
das características particulares das genealogias dos textos bíblicos podem ser
observadas em outros textos, principalmente nas listas de reis e governantes
das nações vizinhas. Alguns estudos arqueológicos têm mostrado que as
genealogias representativas, compostas de modo simétrico, eram uma prática
comum entre povos vizinhos de Israel.
Na
lista de reis sumérios Mes-Kiag-Nanna é chamado de filho de Mes-anni-padda,
mas descobertas arqueológicas têm mostrado que, na realidade, foi seu neto. Na
Babilônia, desde os tempos dos Cassitas, era prática comum o uso da palavra mâr
(filho de) fosse uada como sentido de descendente de.O rei
Tiraca (cerca de 670 A.C.) refere-se a
Sesóstris III (cerca de 1870 A.C.) como seu pai, embora o espaço de tempo de
mil e duzentos anos separassem um do outro. As genealogias árabes exibem o
mesmo tipo de fenômeno.
Dessa
forma, é evidente que o uso de genealogias é uma demonstração de autoridade e
poder, além de ser a confirmação da linhagem para reivindicação monárquica.
A
genealogia de Mateus, arranjada em grupos de quatorze nomes, mostra que o
intuito era o de ser representativa e não completa. Quando o escritor do
evangelho de Mateus inicia seu livro com essa genealogia ele está defendendo o
reinado de Jesus, através da linhagem de Davi.
Seja
como for, o ponto principal ficou demonstrado: a intenção era mostrar que Jesus
era descendente tanto de Davi como de Abraão, ficando assim evidenciado sua
reivindicação à posição messiânica.
A
genealogia é dividida em três grupos, com quatorze gerações, como afirma o
verso 17. Na verdade, porém o terceiro grupo contém somente treze nomes, e no segundo
grupo três gerações são omitidas, conforme a evidência de I Crônicas 1 a 3, que
o autor parece ter usado como fonte.
Há
um pensamento sugerido por alguns comentaristas, que a significação que o
escritor achou no número “quatorze” é que os valores numéricos das consoantes
hebraicas na palavra Davi dão como soma aquele número. Outros estudos vêem
implicações mais ocultas no uso de números pelo autor de Mateus.
Um
detalhe que chama a atenção na genealogia do evangelho de Mateus é a citação de
alguns nomes femininos.
AS MULHERES DA
GENEALOGIA DE JESUS
TAMAR
A
primeira mulher citada na genealogia de Jesus é Tamar. A história de Tamar está
registrada no livro de Gênesis 38:1-30.
Tudo
começa quando Judá, um dos filhos de Jacó se apartou dos seus irmãos e foi
viver na casa de Hira, o adulamita. Nessa terra, um lugar onde haviam várias
cavernas no território ao sudeste do que veio a ser a cidade de Jerusalém, ele
casou-se com a filha de um cananeu chamado Sua. Casualmente, a história não
menciona o nome de sua mulher cananéia. Desse casamento nasceram-lhe três
filhos. Er, Onã e Selá. No devido tempo Judá casa o seu filho primogênito. A
esposa escolhida para Er chamava-se Tamar.
Pouco
tempo depois desse casamento e antes mesmo de terem tido filhos Er veio a
falecer e Tamar se tornou viúva e sem filhos. Pela lei do levirato (ou dever de
cunhado) a mulher que ficasse viúva sem filhos deveria ser entregue ao irmão
mais velho, para que fosse completada a descendência do irmão falecido. Essa
lei também era chamada de a prática do
dever de cunhado.
Dessa
forma, Tamar foi entregue como esposa de Onã.
Porém,
por causa do orgulho em permitir que fosse dada a descendência ao seu irmão
falecido, Onã viveu com Tamar evitando ter filhos, deixando o sêmen cair na
terra sem que houvesse fecundação.
Passados
alguns anos Oná também veio a falecer e, mais uma vez, Tamar se tornou viúva
sem filhos. Pela mesma lei do levirato Tamar deveria ser entregue ao próximo
irmão vivo, chamado Selá.
Entretanto,
Judá não permitiu que assim acontecesse, pois considerou Tamar amaldiçoada pela
morte dos dois primeiros maridos. Com a desculpa que o filho Selá ainda era
novo para o casamento, Judá a enviou de volta a casa de seus pais.
Algum
tempo depois Judá viajou para Timma, para tosquiar ovelhas. Era uma época
festiva entre os cananeus, quando o desejo sexual estava maia aguçado pelo
culto cananeu que incentivava a fornicação ritual com magia da fertilidade.
Tamar foi ao encontro de Judá e preparou um estratagema, pois percebeu que Selá
já era homem e não lhe foi entregue como marido.
Tamar
se despiu das vestes da viuvez e usando um véu disfarçou-se de prostituta.
Muito provavelmente Tamar posou como prostituta cultual, talvez para ter
segurança dobrada em captar sua vítima. E dessa maneira Judá foi seduzido por
Tamar, sem saber que era sua nora.
Judá
ofereceu um cabrito do rebanho como pagamento pelo agrado sexual e Tamar pediu
como penhor o selo, o cordão e o cajado. Ele atendeu ao seu pedido e a possuiu;
e ela concebeu dele. No outro dia ele não mais a encontrou.
Passados
uns três meses descobriram que Tamar estava grávida e a consideraram adúltera.
Quando estavam para condená-la a morte por adultério ela anunciou que estava
grávida do dono daqueles objetos: o selo, o cordão e o cajado. Dessa forma,
Judá reconheceu que foi injusto com sua nora, não a tendo casado com seu filho
Selá.
Dessa
relação incestuosa nasceram-lhe gêmeos. Perez e Zera. O nascimento também foi
algo incomum. As crianças disputaram a progenitura antes de nascer, como
aconteceu com Esaú e Jacó. Zerá colocou seu braço para fora e nele foi amarrada
uma fita vermelha. Porém, Perez ainda nasceu primeiro e recebeu esse nome que
significa “aquele que rompe a saída”.
Assim,
Tamar conseguiu ter filhos. Salvou a sua honra e a sua vida. Tamar agiu com
astúcia e preservou sua vida e posteridade.
Certamente,
o escritor do evangelho de Mateus conhecia muito bem todos os detalhes humanos
e irregulares dessa história. Tamar não foi citada por acaso e sua história
continuava a falar séculos e séculos depois.
RAABE
A
segunda mulher citada na genealogia é Raabe. Esta história bíblica está
registrada no livro de Josué 2:1-24 e 6:22-27.
Raabe
era prostituta por profissão. Esta história relata a espionagem militar no momento da conquista da terra por Josué. O
povo de Israel tinha passado vários anos no deserto, porém agora sob a
liderança de Josué eles estavam batalhando para conquistar a terra de Canaã.
Depois de vencerem vários reis eles acamparam em Sitim, quando se preparavam
para invadir a cidade. Jericó era muito bem fortificada e protegida por altas
muralhas.
Para
tomar conhecimento da cidade e preparar a invasão Josué enviou secretamente
dois espiões a Jericó. Os espiões se hospedaram na casa de Raabe, a prostituta.
A história bíblica conta que chegou ao conhecimento do Rei da cidade que haviam
chegado alguns homens estranhos e suspeitos de serem enviados por Josué.
Raabe
enganou os soldados do Rei da cidade de Jericó dizendo que os espiões tinham
saído de sua casa, porém ela os havia escondido no telhado da casa. Depois ela
foi ter com os espiões e fez um pacto com eles.
Raabe
reconhece que havia um ambiente de temor em Jericó pela chegada do povo hebreu
e certamente não havia como escapar da invasão. Num ato de fé, ela reconheceu
que havia um poder especial na ação do Deus dos hebreus. Então, Raabe pediu que
fosse poupada, ela e toda a sua família. Sendo assim, ela os ajudaria e
protegeria. E assim foi feito.
Raabe
os ajudou fazendo-os descer por uma corda pela janela e no momento da invasão
da cidade a casa de Raabe deveria ser marcada com uma fita vermelha que
serviria como sinal.
O
assalto à cidade foi tremendo. Os soldados de Josué destruíram e saquearam
Jericó, e todos os seus habitantes foram mortos. Porém, Raabe salvou a sua vida
e a da sua família, como tinha combinado com os espiões.
A
vida de Raabe foi poupada e ela foi plenamente integrada na família dos
hebreus, mesmo sendo uma mulher estrangeira. Ela assumiu plenamente a sua fé no
Deus dos hebreus e habitou no meio de Israel integralmente. Ela se casou com
Salmon e foram os pais de Boaz.
Por
sua fé e coragem ela foi fundamental na conquista da terra de Canaã e mesmo
sendo uma mulher estrangeira e uma prostituta, foi reconhecidamente lembrada na
genealogia de Jesus.
RUTE
A
terceira mulher citada na genealogia é Rute. Esta história bíblica está
registrada no livro de Rute. A história de Rute contada no livro com seu nome é
uma verdadeira lição de fé, esperança e amor.
Nos
dias de grande fome na terra uma família de judeus foi morar nas terras de
Moabe. O homem chama-se Elimeleque e com ele foi sua mulher Noemi e seus dois
filhos, Malom e Quiliom. Passados alguns anos Elimeleque veio a falecer e mais
tarde seus dois filhos se casaram com duas mulheres moabitas. Uma chama-se Orfa
e a outra se chamava Rute.
Passados
dez anos morreram ambos os filhos, Malom e Quiliom, ficando assim a mulher
desamparada de seus dois filhos e de seu marido. Então Noemi se dispôs a
retornar para a terra de Israel, pois o tempo da fome já havia passado.
Quando
estavam de partida Noemi sugeriu a suas duas noras que voltassem para a casa de
seus pais. Orfa resolveu voltar, porém Rute se apegou a Noemi de tal maneira
que foi com a sogra, mesmo sabendo da falta de perspectiva para ela.
Elas
voltaram e foram morar em Belém no princípio da colheita das cevadas. Era uma
época de fartura. Por serem viúvas elas não tinham sustento e viviam com muita
dificuldade. Assim, Rute vai à lavoura para rebuscar as espigas que caíam dos
jacás dos catadores. A lei judaica permitia esse procedimento aos pobres,
estrangeiros, viúvas e órfãos. Rute era uma mulher de trabalho e muito se
sacrificava para ganhar o pão para sua casa e de sua sogra.
Por
acaso, ela foi rebuscar espigas na lavoura de Boaz, que era parente da família
de Elimeleque, o finado esposo de Noemi. Boaz conheceu a moabita Rute e se
admirou com sua tenacidade e fidelidade à sogra Noemi. Ele a agregou às outras
trabalhadoras, deu-lhe condição de trabalho e até a chamou para comer do pão
com ele.
Rute
ficou admirada com a bondade de Boaz e quis saber por que ele era tão generoso
com ela, sendo ela uma mulher estrangeira. Boaz respondeu lembrando da
experiência de Abraão dizendo que ela havia deixado pai e mãe, a terra onde
nascera e veio para um povo que nem conhecia. Boaz abençoou Rute rogando que
ela recebesse uma farta recompensa das mãos do Senhor, Deus de Israel, pois foi
debaixo das asas dele que ela veio buscar amparo. A história bíblica mostra o
desenvolvimento desse romance baseado na sinceridade, na esperança e na fé em
Deus.
Boaz
se sensibilizou pela situação de Rute e resolveu torna-se o resgatador da
família. O resgatador era uma possibilidade de restauração social prevista na
lei judaica. Era o ato de reaver legalmente os bens da família ou mesmo as
pessoas que fossem vendidas como escravas. Ou seja, se a família pobre
precisasse vender sua terra, o parente mais próximo era obrigado a resgatar a
terra, comprando-a de volta para o parente que a estava perdendo. Se o parente
não pudesse comprá-la de volta e a pessoa que vendeu se enriquecesse depois,
ele mesmo poderia comprar a terra pelo mesmo valor que a vendeu. Era um modo de
preservar a família e evitar o desequilíbrio social.
No
caso de Rute houve uma junção da lei do resgate com a lei do levirato ou o dever
de cunhado. Boaz casa-se com Rute para continuar a descendência da família,
perdida através da morte de Quiliom.
Dessa
maneira, Rute teve a sua vida restaurada e a esperança se concretizou na
restauração de sua família e a posteridade de sua casa. Ela encontrou
finalmente a felicidade, como prêmio do seu trabalho, de sua abnegação e
fidelidade. Mas, embora a sua moral fosse inatacável, tinha algo vergonhoso
para qualquer judeu: era estrangeira. Pior ainda, pertencia aos moabitas, um
dos povos mais odiados pelos judeus.
Do
casamento de Rute com Boaz nasceu Obede. A criança veio alegrar sobremaneira o
coração de Noemi. Obede foi o pai de Jesse, este foi o pai do rei Davi.
Rute,
essa mulher especial deixa sua marca de integridade na história dos judeus. Este
exemplo continua a falar continuamente. Esta moabita, que está presente na
linhagem do rei Davi, foi muio bem lembrada pelo escritor-evangelista na
genealogia de Jesus.
BATE-SEBA
A
quarta mulher citada na genealogia é Bate-Seba. Esta história bíblica está
registrada no livro de II Samuel 11.
Era
uma mulher hitita, esposa de Urias, oficial do rei Davi. Vivia com o seu esposo
em Jerusalém, perto do palácio do rei. Era muito bonita. Tão bonita, que o rei
Davi se encantou perdidamente por ela. Aproveitando o fato de Urias ter partido
para a guerra, o rei mandou chamá-la ao palácio, e se uniram amorosamente.
Ela,
então, ficou grávida. Para evitar o escândalo, Davi fez vir Urias da frente de
batalha e deu-lhe uns dias de férias em sua casa, a fim de que este convivesse
com sua mulher durante um tempo razoável e assim cobrisse as aparências.
Mas
Urias opôs-se a este privilégio, sabendo que os seus soldados estavam em plena
guerra. Então, o rei fez com que o mandassem novamente para o meio da luta, ele
retornou para a guerra levando uma carta para o comandante Joabe. Nessa carta
havia a sua própria sentença de morte. Urias foi colocado na frente da batalha,
na zona mais dura e de maior perigo. Deste modo, Urias morreu e Davi pôde ficar
com sua esposa Bate-Seba.
Algum
tempo depois, um profeta, mediante uma comovedora parábola, fez ver a Davi o
seu crime e o seu gravíssimo pecado. Davi, humildemente, reconheceu a sua
culpa, arrependeu-se e pediu perdão. O adultério cometido por Davi foi o
impulso para uma vida familiar totalmente tumultuada até o fim de seus dias.
O
primeiro filho de Davi com Bate-seba morreu ainda criança, Porém, outro filho
do casal, Salomão, foi o sucessor de Davi e teve muita prosperidade e sucesso
no seu reinado.
PRESENÇA FEMININA NA
GENEALOGIA
Certamente,
a presença feminina na genealogia de Jesus é um fato incomum. Nas demais
genealogias não se encontram nenhuma referência ao nome das mulheres. Sabe-se
que as genealogias tinham seu objetivo histórico e até mesmo teológico. Existem
algumas razões que podem ser analisadas, no caso da citação do nome de mulheres
na genealogia de Jesus pelo escritor-evangelista Mateus.
A ACUSAÇÃO DE QUE
JESUS NÃO ERA O MESSIAS, POR QUE SERIA FRUTO DE UMA UNIÃO ILEGÍTIMA.
A
primeira razão, aqui mencionada, que teria motivado o escritor-evangelista
Mateus a citar o nome de mulheres na genealogia de Jesus é que pesava sobre
Jesus uma séria acusação. Jesus não poderia ser o Messias, por que seria fruto
de uma união ilegítima. Ele era filho de um carpinteiro pobre com uma mulher
humilde, que carregava o estigma de alguém que tinha engravidado antes do
casamento.
Há
uma relação muito forte entre as mulheres citadas na genealogia com a
maneira pela qual se deu o nascimento de
Jesus. Tamar, Raabe, Rute, Bate-Seba tiveram um relacionamento fora dos padrões
morais regulares.
Esse
argumento concorda com a afirmação de Saldarini (2000: p.278): “A irregularidade
do nascimento de Jesus é preparada pela citação de quatro mulheres na
genealogia, todas irregulares de um jeito ou de outro”.
Nessa
mesma linha, está o argumento do professor André Chevitarese (2006), quando
escreve sobre o maior interesse das comunidades cristãs, a partir dos últimos
decênios do primeiro século em diante, pela família de Jesus de Nazaré. Para
defender seu ponto de vista, ele apresenta como um dos seus argumentos a
teoria, que pode ser assim resumida:
Há
dois indícios na literatura cristã que deixam transparecer que algumas
comunidades cristãs já conheciam a acusação formulada pelos seus opositores de
que Jesus não poderia ser o Messias, na medida que ele seria o resultado de uma
união ilegítima, sendo considerado filho da prostituição. Os responsáveis por
essa acusação estão do lado de fora dos portões das respectivas comunidades,
talvez ainda inseridos no judaísmo.
O
primeiro indício ocorre em um diálogo marcado pela tensão crescente entre Jesus
e um grupo de judeus. O seu ápice estaria contido na seguinte passagem do
Evangelho de João: “[Disse-lhes Jesus]: vós, porém, procurais matar-me, a mim,
que vos falei a verdade que ouvi de Deus. Isto, Abraão não o fez! Vós fazeis as
obras de vosso pai! Disseram-lhe, então: Não nascemos da prostituição, temos um
só pai: Deus” (João 8:40-41).
O
segundo indício está no capítulo primeiro do evangelho de Mateus. Verifica-se
ao longo da genealogia mateana a citação de cinco mulheres, dentre elas, Maria,
da qual nasceu Jesus chamado Cristo.
A
narrativa mateana não deixa dúvida: o elemento comum nas narrativas relativas
às vidas das cinco mulheres é a prostituição. Na sua genealogia, Mateus cita
cinco mulheres, das quais quatro trazem o estigma da prostituição. É pouco
provável que a quinta mulher, Maria, estivesse isenta da tal estigma.
O
professor André ainda cita mais três outros textos na literatura do século II,
que podem ser usados com referência à acusação da ilegitimidade física de
Jesus. O primeiro é o Proto-Evangelho de Tiago. Esse texto deixa claro
que algumas comunidades cristãs estavam preparando um material com finalidade
de defender a honra de Maria, particularmente no que se refere à sua concepção
e ao seu parto virginal. O segundo é o Verdadeiro Discurso, de Celso
(datado de 178 D.C.) citado parcialmente na obra de Orígenes, Contra Celso
(de 248 D.C.). Nesse texto há o registro de acusações de Celso contra o
nascimento ilegítimo de Jesus. O terceiro é Os espetáculos de Tertuliano.
É um texto produzido por um cristão do norte da África, em 197 D.C., que
recupera a acusação, que ele considera caluniosa, de que Jesus seria filho de
uma prostituta.
ROMPIMENTO COM O
JUDAÍSMO E A MISSÃO AOS GENTIOS.
Uma
outra razão que teria motivado o escritor-evangelista Mateus a citar o nome de
mulheres estrangeiras na genealogia de Jesus é que essa citação sinalizaria um
princípio de rompimento com o judaísmo e a abertura da missão do messias aos
gentios. Tamar foi casada com o filho de Judá quando ele estava distante de sua
família, morando com um Adulamita nas terras cananéias. Rute era moabita. Raabe
morava em Jericó, cidade destruída por Josué.
Historicamente
há um fator que precisa ser observado. O contexto do evangelho de Mateus tem
uma profunda ligação com o período pós revolta judaica dos anos 66-73 d.C.
Donald Senior (1987) desenvolve muito bem esse argumento, que pode ser assim
resumido:
Para
o judaísmo, a experiência arrasadora da revolta, incluindo a destruição de
Jerusalém e do templo no ano 70 d. C., significou mudança radical na textura de
sua vida religiosa. A variedade, que caracterizou o judaísmo pré-70, precisava
abrir caminho para uma expressão mais homogeneizada a fim de sobreviver. Os
fariseus eram os únicos com suficiente força moral e astúcia para coordenar a
sobrevivência judaica. Sob sua liderança, centralizada em Jâmnia, os fariseus
construíram o judaísmo na base de estreita fidelidade à lei, enquanto
interpretada pelos fariseus.
Esta
consolidação de pós-70 significava menos tolerância para grupos marginais do
que no período antes da revolução. Movimentos apocalípticos e cristãos eram
vistos como enfraquecimento da ortodoxia judaica e, conseqüentemente, como
ameaça à sobrevivência. Como resultado,
tais grupos foram expulsos das sinagogas durante o último trimestre do século I
e os relacionamentos entre a Igreja e a Sinagoga se tornaram cada vez mais
antagônicos.
Dessa
forma, visto que a identidade de Jesus e as implicações de sua mensagem eram os
pontos básicos de tensão entre a Sinagoga e a Igreja e o catalizador definitivo
no tocante ao deslocamento da igreja em direção aos gentios, não surpreende que
a perspectiva de Mateus seja radicalmente cristológica. Jesus não é somente o
proeminente filho de Israel, mas o inaugurador de uma nova época de salvação
que se estende a todos os povos.
Os
suportes básicos para a perspectiva da missão aos gentios encontram-se em todo
o evangelho de Mateus. Assim como pode-se ver no capítulo final, que mostra o
estilo de atividade missionária da comunidade de Mateus.
“E,
aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu
e na terra. Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em
nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as
coisas que eu vos tenho ordenado; e eis que eu estou convosco todos os dias,
até à consumação dos séculos” (Mateus 28:18-20).
IMPORTÂNCIA DA
PRESENÇA FEMININA NO MOVIMENTO DE JESUS.
A
terceira razão que teria motivado o escritor-evangelista Mateus a citar o nome
de mulheres na genealogia de Jesus é que esse fato já é uma evidência da
importância da presença feminina no movimento de Jesus.
É
impressionante como a literatura canônica e não canônica revela uma presença
feminina marcante. As mulheres na genealogia são apenas um sinal dessa presença
feminina que viria posteriormente. É muito forte a lembrança e o registro de
vários nomes: Marta e Maria, amigas de Jesus; Maria Madalena, apóstola da
ressurreição e as mulheres anônimas que deixaram sua marca: a mulher
Siro-fenícia, a mulher de Samaria, a mulher impura que “roubou” um milagre de
Jesus. O movimento de Jesus foi absolutamente revolucionário nesse aspecto da
valorização da mulher como ser humano.
Uma
das características do movimento de Jesus na Galiléia foi a pregação da
igualdade. Jesus pregou a igualdade em todos os sentidos. No movimento de Jesus
não há preferência ao homem ou à mulher, mas há uma valorização de ambos. Assim
como aconteceu com os pobres, esse nivelamento já colocou a mulher em um lugar
muito além de sua realidade para a época.
Dessa
forma, pode-se afirmar que a mulher teve um lugar preponderante no ministério
de Jesus. O que se pode comprovar no texto de Lucas 8:1-3, onde se lê que
várias mulheres participavam ativamente do movimento de Jesus, inclusive
prestando assistência com seus bens.
Concordando
com esse raciocínio, Elza Tamez no seu livro As mulheres no movimento
de Jesus afirma: “As mulheres seguidoras
de Jesus nos mostram duas coisas importantes: primeiro, Jesus sentiu uma
inclinação especial pelos setores marginalizados, como os das mulheres, dos
pobres e de todos os que sofrem discriminação; segundo, as mulheres encontraram
no movimento de Jesus a esperança de que as coisas poderiam mudar, pois elas
sempre haviam sido deixadas de lado”.
Pode-se
também confirmar essa idéia da valorização da mulher, de forma clara, no
evangelho de João. Afirmam alguns que essa visão poderia ser uma resposta ao
pensamento das cartas pastorais, que já pretendiam calar as mulheres, num
momento que a Igreja se aproximava da possibilidade de receber o apoio do império
romano.
Em
João 2:5 percebe-se uma mulher (Maria, mãe de Jesus) dando ordens aos serventes
(diáconos). João 4 registra um diálogo de Jesus com a mulher samaritana, que
reconhece a messianidade de Jesus. Em João 11:27 Marta faz uma importante
confissão: “Tu és o Cristo, Filho de Deus”. Em João 12:1-8 Jesus é ungido por
Maria (irmã de Marta), o que demonstra a beleza e a profundidade da
sensibilidade feminina, que já havia percebido, antes de todos, a morte de
Jesus. Somente ela percebeu a necessidade de uma preparação especial do corpo
de Jesus. Os discípulos não entenderam o que Maria fez e a criticaram,
porém foram exortados por Jesus.
Na
crucificação, o evangelho de João relata a presença das mulheres aos pés da
cruz (João 19:25-17) e, finalmente em João 20:1-18 pode-se ver com clareza que
Jesus aparece primeiro às mulheres (Mateus 28:1-10, Marcos 16:1-11 e
Lucas 24:1-12). e as envia (apóstolas) para que anunciem aos discípulos as boas novas
da ressurreição, fato que o apóstolo Paulo não menciona em I Cor. 15:1-8.
O
movimento de Jesus é totalmente igualitário, as mulheres só foram sendo
excluídas à medida que a igreja se aproximava do estado romano com sua conduta
totalmente patriarcal.
____________________________________
Resumo do Trabalho de conclusão do Curso de pós-graduação em História do Cristianismo Antigo apresentado na Universidade de Brasília.
quinta-feira, janeiro 12, 2012
A GRANDE LOROTA DA COPA DO MUNDO NO BRASIL
Eu sou um trabalhador que conseguiu
depois de muito tempo de luta e dedicação uma certa estabilidade financeira. Acabo
de receber um aumento salarial passando a receber cinco salários mínimos.
Sempre fui fã de cinema e através da
internet fiz amizade com casal de atores famosos que moram na cidade de Genebra
- Suíça. Por cordialidade, certo dia, convidei-os para passar as férias no
Brasil. Que surpresa foi a minha! Meus amigos aceitaram o convite. Então,
começaram os problemas da minha vida.
Marcamos a viagem para o junho de 2014.
Pensei comigo: vou poder mostrar a hospitalidade brasileira e receber de
maneira calorosa esse casal celebridade. Vou também conseguir uma foto
exclusiva para postar no meu perfil principal do ‘facebook’. Todos os meus
amigos vão ‘curtir’ meu privilégio. Toda minha família se encheu de euforia.
Alguns dias depois do convite ser
aceito, recebi a primeira ligação dos meus amigos da Suíça. Eles desejaram
saber como era minha casa e para surpresa minha, eles fizeram a primeira
exigência: - Não costumamos hospedar em qualquer lugar. Você terá de arrumar
sua casa para nos receber. Então, tive de fazer um primeiro financiamento para
reformar nossa casa para hospedar um casal que ficaria apenas duas semanas. Lá
se foi mais de quarenta por cento de nossa renda.
Meses mais tarde recebo outra ligação.
Eles desejavam saber qual o ano e a marca do nosso carro. Fiquei com vergonha
do meu carrinho nacional – 2001. Lá se vai outro financiamento, mas pelo menos
comprei um importado, ano 2006. Mais trinta por cento da minha renda familiar. Estou
muito feliz por receber esse casal, mas minhas dívidas, vou demorar vários anos
para pagar, se conseguir.
No final das contas, para receber esse
casal celebridade tivemos de matricular nosso filho mais velho numa escola
pública. O curso de inglês que minha filha mais nova vai ser adiado e o
tratamento contra celulite de minha esposa foi pro ‘beleléu’. Não sabemos
quando vamos equilibrar nossas contas e voltar a sonhar com nossas verdadeiras
prioridades. Tudo isso para receber um casal celebridade e postar uma foto
legal no meu perfil principal do facebook.
Essa é a história da copa do mundo no
Brasil em 2014.
terça-feira, janeiro 03, 2012
UM MOMENTO PARA RENOVAÇÃO DA ALIANÇA
Salmo 81:1-16
Este maravilhoso Salmo inspirado pelo
Espírito Santo foi trazido a todos nós através da sensibilidade poética do
líder musical Asafe. O texto merece grande destaque na história judaica
contendo profundos ensinamentos que nos levam ao estudo e meditação para o aprofundamento
dos mais belos valores cristãos de obediência aos mandamentos divinos e
consagração absoluta ao Senhor.
Não existe um consenso do tempo exato da
composição do Salmo. Alguns estudiosos afirmam que foi composto para as Festas judaicas
(onde eram tocadas as Trombetas), outros o ligam ao retorno da Arca da Aliança
que esteve perdida e foi resgatada pelo Rei Davi. Finalmente, alguns afirmam
que foi composto para a Festa da segunda dedicação do Templo construído por
Neemias na volta do exílio babilônico.
Um aspecto importante nesse contexto
histórico é a presença de um elemento comemorativo na primeira parte do salmo.
Há evidências muito claras no próprio texto que o contexto da mensagem é um
marco na história litúrgica judaica. Aquele era um momento especial de louvor e
adoração a Deus que levava seus filhos a se comprometerem novamente com os mais
ricos valores de Sua Palavra. Certamente o Salmo 81 retrata um momento singular
preparado para reafirmar os aspectos e os valores do pacto de Deus com seu
povo. O texto nos conduz a uma reflexão para um tempo de renovação da aliança.
UM MOMENTO PARA RENOVAÇÃO DA ALIANÇA
A primeira parte do texto (v.1-5)
enfoca um aspecto histórico comemorativo e uma motivação para o louvor a Deus.
Esta parte se torna uma preparação para a apresentação dos termos do pacto e o
incentivo à obediência. Eis alguns aspectos maravilhosos desse momento de
louvor a Deus.
a)
Cantai de júbilo a Deus, nossa força
(v.1) – “O Senhor é a minha força e o meu
escudo; nele confiou o meu coração, e fui socorrido; pelo que o meu coração
salta de prazer, e com o meu cântico o louvarei”. (Salmo 28:7).
b)
Celebrai ao Deus de Jacó (v.1) - “Celebrai com júbilo ao Senhor,
todos os habitantes da terra. Servi ao Senhor com alegria, e apresentai-vos a
ele com cântico. (Salmo 100:1-2).
c)
Salmodiai com o tamboril e a harpa (v.2)
– “Vinde, cantemos alegremente ao Senhor,
cantemos com júbilo à rocha da nossa salvação. Apresentemo-nos diante dele com
ações de graças, e celebremo-lo com salmos de louvor” (Salmo 95:1-2) e “Bom é render graças ao Senhor, e cantar
louvores ao teu nome, ó Altíssimo, anunciar de manhã a tua benignidade, e à
noite a tua fidelidade, sobre um instrumento de dez cordas, e sobre o saltério,
ao som solene da harpa” (Salmo 92:1-3).
d)
Tocai a trombeta nos dias especiais de
Festa (v.3-5). Esta cerimônia especial foi uma ordem divina estabelecida em
Números 10:1-10 e tinha vários significados. Elas serviam de comunicação para o
povo das atividades religiosas e demonstravam que haveria uma ação divina. A importância
fundamental dessa manifestação litúrgica era a criação de memorial da presença
de Deus e ação divina em favor dos seus filhos amados -“Semelhantemente, no dia da vossa alegria, nas vossas festas fixas, e
nos princípios dos vossos meses, tocareis as trombetas sobre os vossos
holocaustos, e sobre os sacrifícios de vossas ofertas pacíficas; e eles vos
serão por memorial perante vosso Deus. Eu sou o Senhor vosso Deus” (Números
10:10).
A segunda parte do salmo (v. 6-16) é a
parte onde encontramos uma mensagem divina e um apelo a uma vida de fidelidade
e obediência ao Senhor. O louvor e manifestações litúrgicas servem de
preparação para a Palavra de Deus, que virá a seguir.
A partir do verso cinco podemos perceber
uma mudança significativa da linguagem do salmo. O salmista declara que estava
ouvindo outra voz que falava de maneira diferente e incisiva: “em uma linguagem desconhecida eu ouvi
alguém dizendo” (v.5). Esta expressão mostra claramente que, assim como o
pai disciplina ao seu filho amado, a voz de Deus iria exortar o seu povo. Com
toda certeza, esta voz somente poderia ser reconhecida e entendida após o
momento de adoração e quebrantamento de coração – “Porque nos temos tornado participantes de Cristo, se é que guardamos
firme até o fim a nossa confiança inicial; enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a
sua voz, não endureçais os vossos corações, como na provocação” (Hebreus
3:14-15).
Aqui vemos que Deus estabelece os termos
do pacto com seu povo. Deus expõe as regras com muita clareza para que tudo seja
obedecido e cumprido por seus filhos amados. Os termos não são novidade, eles serão
sempre os mesmos princípios de amor e obediência ao Deus nosso Senhor. Os
termos da renovação da aliança com Deus estão bem claros na Palavra dita pelo Senhor.
- O QUE DEUS JÁ FEZ PELO SEU POVO (V.6-7).
a)
Libertou seu povo de quatrocentos anos
de escravidão no Egito (v.6) – “Portanto
dize aos filhos de Israel: Eu sou Javé; eu vos tirarei de debaixo das cargas
dos egípcios, livrar-vos-ei da sua servidão, e vos resgatarei com braço
estendido e com grandes juízos. Eu vos tomarei por meu povo e serei vosso Deus;
e vós sabereis que eu sou Javé vosso Deus, que vos tiro de debaixo das cargas
dos egípcios” (Êxodo 6:6,7).
b)
Ouviu a oração e o clamor do sofrimento dos
seus servos (v.7) – “Mas os egípcios nos
maltrataram e nos afligiram, e nos impuseram uma dura servidão. Então clamamos
ao Senhor Deus de nossos pais, e o Senhor ouviu a nossa voz, e atentou para a
nossa aflição, o nosso trabalho, e a nossa opressão; e o Senhor nos tirou do
Egito com mão forte e braço estendido, com grande espanto, e com sinais e
maravilhas; e nos trouxe a este lugar, e nos deu esta terra, terra que mana
leite e mel” (Deuteronômio 26:6-9). “E
invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás” (Salmo 50:15).
c)
No tempo certo apresentou uma resposta
poderosa e eficiente (v.7) – “Então
Moisés estendeu a mão sobre o mar; e o Senhor fez retirar o mar por um forte
vento oriental toda aquela noite, e fez do mar terra seca, e as águas foram
divididas. E os filhos de Israel entraram pelo meio do mar em seco; e as águas
foram-lhes qual muro à sua direita e à sua esquerda” (Êxodo 14:21-22). Para
libertar seu povo Deus movimenta as forças da natureza que Ele mesmo criou e
mostra seu imenso poder e amor.
d)
Mostrou cuidado e misericórdia com o seu
povo e providenciou água da rocha em Meribá – “Mas o povo, tendo sede ali, murmurou contra Moisés, dizendo: Por que
nos fizeste subir do Egito, para nos matares de sede, a nós e aos nossos
filhos, e ao nosso gado? Pelo que Moisés, clamando ao Senhor, disse: Que hei de
fazer a este povo? daqui a pouco me apedrejará. Então disse o Senhor a Moisés:
Passa adiante do povo, e leva contigo alguns dos anciãos de Israel; toma na mão
a tua vara, com que feriste o rio, e vai-te. Eis que eu estarei ali diante de
ti sobre a rocha, em Horebe; ferirás a rocha, e dela sairá água para que o povo
possa beber. Assim, pois fez Moisés à vista dos anciãos de Israel. E deu ao
lugar o nome de Massá e Meribá, por causa da contenda dos filhos de Israel, e
porque tentaram ao Senhor, dizendo: Está o Senhor no meio de nós, ou não?” (Êxodo
17:2-7).
- O QUE DEUS EXIGE DO SEU POVO (V.8- 10).
a)
Afastar-se completamente da idolatria
(v.9). “Eu sou o Senhor teu Deus, que te
tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de
mim” (Êx 20:2-3). Idolatria é depositar a confiança e a fé em outros deuses
– “Pois, ainda que haja também alguns que
se chamem deuses, quer no céu quer na terra (como há muitos deuses e muitos
senhores), todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e
para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual existem todas as
coisas, e por ele nós também” (I Co.8:6-7). Então, a idolatria é depositar fé
naquilo que nada pode fazer, ou seja, idolatria
é falta de fé.
b)
Confiar unicamente no Senhor. A resposta
direta de Deus (v.10) é “Eu sou o Senhor
teu Deus que tirei da terra do Egito” A confiança do povo deve ser
depositada somente e unicamente em Deus. Deus não admite dividir a sua glória e
louvor com ninguém – “Dize-lhes pois:
Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Maldito o homem que não ouvir as palavras
deste pacto, que ordenei a vossos pais no dia em que os tirei da terra do
Egito, da fornalha de ferro, dizendo: Ouvi a minha voz, e fazei conforme a tudo
que vos mando; assim vós sereis o meu povo, e eu serei o vosso Deus”
(Jeremias 11:3-4).
c)
E como consequência para uma vida de
obediência e confiança Deus ainda fala da satisfação plena do seu povo, a verdadeira
prosperidade: “abre bem a tua boca e ta
encherei” (v.10) – “Confia no Senhor
e faze o bem; assim habitarás na terra, e te alimentarás em segurança. Deleita-te
também no Senhor, e ele te concederá o que deseja o teu coração” (Salmo
37:3-4).
- O EXEMPLO NEGATIVO DO PASSADO (V.11-12).
a)
O povo foi desobediente e não andou nos
caminhos do Senhor (v.11) – “Acaso trocou
alguma nação os seus deuses, que, contudo não são deuses? Mas o meu povo trocou
a sua glória por aquilo que é de nenhum proveito. Espantai-vos disto, ó céus, e
horrorizai-vos! ficai verdadeiramente desolados, diz o Senhor. Porque o meu
povo fez duas maldades: a mim me deixaram o manancial de águas vivas, e cavaram
para si cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas” (Jeremias
2:11-12).
b)
Andaram segundo a teimosia do seu
próprio coração (v.12) – “Mas isto lhes
ordenei: Dai ouvidos à minha voz, e eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu
povo; andai em todo o caminho que eu vos mandar, para que vos vá bem. Mas não
ouviram, nem inclinaram os seus ouvidos; porém andaram nos seus próprios
conselhos, no propósito do seu coração malvado; e andaram para trás, e não para
diante” (Jeremias 7:23-24).
- O QUE DEUS PODE FAZER POR SEU POVO (V.13-16).
São
maravilhosas as promessas de Deus aos seus servos fieis (v.8-9) – “Assim diz o Senhor, o teu Redentor, o Santo
de Israel: Eu sou o Senhor, o teu Deus, que te ensina o que é útil, e te guia
pelo caminho em que deves andar. Ah! se tivesses dado ouvidos aos meus
mandamentos! então seria a tua paz como um rio, e a tua justiça como as ondas
do mar também a tua descendência teria sido como a areia, e os que procedem das
tuas entranhas como os seus grãos; o seu nome nunca seria cortado nem destruído
de diante de mim.” (Isaías 48:17-19).
a)
Vitória completa sobre os inimigos e
adversários (v. 14):
a.
Os inimigos e adversários seriam
dominados e transformados em servos (v.15) – “Feliz és tu, ó Israel! quem é semelhante a ti? um povo salvo pelo
Senhor, o escudo do teu socorro, e a espada da tua majestade; pelo que os teus
inimigos te serão sujeitos, e tu pisarás sobre as suas alturas” (Deut.33:29).
b.
Essa situação vitoriosa não seria
passageira, mas duraria eternamente (v.15) – “Eis que vêm os dias, diz o Senhor, em que cumprirei a boa palavra que
falei acerca da casa de Israel e acerca da casa de Judá. Naqueles dias e
naquele tempo farei que brote a Davi um Renovo de justiça; ele executará juízo
e justiça na terra. Naqueles dias Judá será salvo e Jerusalém habitará em
segurança; e este é o nome que lhe chamarão: O SENHOR É NOSSA JUSTIÇA” (Jeremias
33:14-17).
b)
A bênção de Deus como consequência da
obediência:
a.
Deus os sustentaria com o trigo mais
fino – sustento constante (v.16) - “E as
eiras se encherão de trigo, e os lagares trasbordarão de mosto e de azeite. Comereis
abundantemente e vos fartareis, e louvareis o nome do Senhor vosso Deus, que
procedeu para convosco maravilhosamente; e o meu povo nunca será envergonhado. Vós,
pois, sabereis que eu estou no meio de Israel, e que eu sou o Senhor vosso Deus,
e que não há outro; e o meu povo nunca mais será envergonhado” (Joel
2:24,26-27).
b.
Deus os saciaria com o mel da rocha –
prazer incomensurável (v.16) - “Como a
águia desperta o seu ninho, adeja sobre os seus filhos e, estendendo as suas
asas, toma-os, e os leva sobre as suas asas, assim só o Senhor o guiou, e não
havia com ele deus estranho. Ele o fez cavalgar sobre as alturas da terra, e
comer os frutos do campo; também o fez chupar mel da rocha e azeite da dura
pederneira, coalhada das vacas e leite das ovelhas, com a gordura dos
cordeiros, dos carneiros de Basã, e dos bodes, com o mais fino trigo; e por
vinho bebeste o sangue das uvas” (Deut. 32:11-14).
Essa didática do nosso Pai Celestial
é muito comum na Escritura. Quando o povo de Deus recebeu a lei através de Moisés
a lei foi repetida várias vezes para que fosse sempre lembrada e praticada por
várias gerações. Um livro da Bíblia é uma repetição dessa lei. É o livro de Deuteronômio.
Antes de Josué entrar na terra prometida ele coloca novamente esses preceitos
diante do povo e conclama o povo a se consagrar renovando a aliança com Deus – “Agora, pois, temei ao Senhor, e servi-o com
sinceridade e com verdade; deitai fora os deuses a que serviram vossos pais
dalém do Rio, e no Egito, e servi ao Senhor. Mas, se vos parece mal o servirdes
ao Senhor, escolhei hoje a quem haveis de servir; se aos deuses a quem serviram
vossos pais, que estavam além do Rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra
habitais. Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Josué 24:14-15).
O Salmo 81 é uma grande lição de
amor de Deus por seu povo. Era cantado nos momentos de festa para servir de
memorial. Mostrava o que Deus tinha feito e o que Deus poderia ainda fazer. Era
uma grande motivação para uma vida melhor do povo escolhido. Uma vida melhor
significa sempre voltar-se para os braços do Pai Celestial e refazer os
compromissos. Que este momento seja uma oportunidade única para uma renovação
da aliança com o nosso amado Pai.
“Eis que os dias vêm,
diz o Senhor, em que farei um pacto novo com a casa de Israel e com a casa de
Judá, não conforme o pacto que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela
mão, para os tirar da terra do Egito, esse meu pacto que eles invalidaram,
apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor. Mas este é o pacto que farei com
a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu
interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o
meu povo” (Jeremias 31:31-33).
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