sábado, dezembro 25, 2010

FELIZ NATAL DA RED BULL


A equipe Red Bull tem demonstrado ser a mais bem humorada da Fórmula 1. Neste Natal o espírito da escuderia não poderia ter sido diferente. E, com um toque de ironia, o time caçoou da Ferrari ao desejar boas festas, relembrando o incidente do GP da Alemanha, quando Felipe Massa foi obrigado a deixar Fernando Alonso passar obedecendo ao pedido da equipe: “Fernando é mais rápido do que você, entendeu a mensagem?”. O cartão foi reproduzido pelo site FISA.

De fato, este é um assunto polêmico. Há um forte debate sobre a ética desportiva e fatos como este fomentam nossos pensamentos. Nas últimas partidas do campeonato brasileiro de futebol de 2010, por exemplo, muito se falou sobre a atitude de alguns times que “entregaram” o resultado dos seus jogos para prejudicar seus rivais. Ficou claro que Palmeiras e São Paulo ajudaram o Fluminense e prejudicaram seu arqui-inimigo, o Corinthians.

No caso do futebol a questão ética esbarra na paixão mortal das torcidas. O torcedor sonha com a vitória do seu time e com a derrota ou o maior prejuízo possível dos seus eternos rivais. Na Fórmula 1 o valor monetário e a presença dos pilotos no campeonato são aspectos que precisam ser considerados. De qualquer forma, é extremamente triste para nós vermos pilotos brasileiros sendo ridicularizados.

Os pilotos brasileiros que deixaram seus colegas de equipe passar “venderam a alma ao diabo!” Perderam a oportunidade de fazer história. Garantiram presença na elite da velocidade através de um ótimo contrato para o mais um ano, mas assinaram sua carta de derrota. Não terão futuro como verdadeiros vencedores na Formula 1. Será que valeu a pena?

A letra da música “É” do nosso “profeta” Gonzaguinha fala por si: É! A gente não tem cara de panaca, A gente não tem jeito de babaca, A gente não está com a bunda exposta na janela.. Prá passar a mão nela...

Passaram a mão na bunda deles!

segunda-feira, agosto 23, 2010

O QUE É PESCA ESPORTIVA?

PESCA ESPORTIVA

A pesca esportiva é uma evolução da pesca amadora, em uma visão mais simplista. Uma atividade que evoluiu de um simples passatempo para uma modalidade de esporte, cujo crescimento é constante e em taxas geométricas.
Ecologicamente correta, a pesca esportiva proporciona momentos de prazer ímpares aos seus praticantes, cada dia mais preocupados com a manutenção do meio ambiente e da preservação das espécies dos peixes, já que sem eles o esporte não pode ser praticado.
Em uma visão cristã, a preservação da natureza faz parte do mandato dado por Deus para a humanidade e deve ser alvo de cada filho de Deus resgatado por Jesus. O cristão glorifica ao criador quando aproveita com responsabilidade da natureza criada por Deus.
A pesca esportiva, dessa forma, é uma maneira especial de se aproximar e desfrutar da natureza criada por Deus.

PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA PESCA ESPORTIVA

1. Faça da pesca um momento especial de meditação e inspiração, para estar em contato com Deus através da natureza e com o próximo.
2. Pescar esportivamente é proceder, de certa forma, como numa competição com o peixe. Métodos desproporcionais chamados de predatórios não devem ser usados.
3. Não é considerado como pesca esportiva:
• Uso de rede ou tarrafa.
• Uso de explosivos.
• Uso de espinhel (várias linhas presas num corda e armadas sobre o rio)
• Uso de “pinda” ou pesca com galão soltos no rio.
4. O equipamento principal a ser utilizado na pesca esportiva é anzol, linha e vara de pescar. Pode ser utilizado molinete ou carretilha.
5. Como existem vários tipos de peixes, também os métodos de pesca são diversos e devem se adaptar aos vários lugares: mar, rios, lagos.
Principais tipos de pescaria:
• Pesca com iscas artificiais.
• Pesca com fly
• Pesca com isca viva.
• Pesca em cevas.

CONSELHOS FINAIS
1. Preserve a natureza – guarde o lixo e traga de volta para ser jogado no lugar certo, que não é no rio.
2. Segurança é fundamental – o colete salva vidas deve ser utilizado.
3. Cuidado com o sol - use proteção para a cabeça e para o corpo, além do bloqueador solar.
4. Não se esqueça de usar repelente para mosquito.
5. Siga as instruções do Barqueiro. Ele foi contratado para auxiliar, porém deve ser respeitado (lembre-se que isso é uma maneira de testemunhar o evangelho). Ele estará preparado para tirar qualquer dúvida, pois é alguém que conhece bem a região e a realidade da pescaria no local.
6. A pescaria deve ser um momento de prazer. Não se afobe, nem se estresse. Não é necessário jogar mais de uma linha/vara na água.

Tenha uma boa pescaria, para a glória de Deus!

_______________________________________
(*) O texto foi feito para a pescaria anual do Grupo de Homens da Igreja Presbiteriana de Brasília. A Foto foi tirada dia 25/08 e o peixe é uma Pirarara de aproximadamente 20 Kg pescada por mim no Clube Pescar em Luziânia - GO. Importante: depois de 30 minutos de disputa e das fotos o peixe foi devolvido para a água.

sexta-feira, julho 23, 2010

NOSSAS BODAS DE PRATA – 20/07/2010

25 anos de vida conjunta, compartilhada. Vida a dois.
25 anos de caminhada. Uma longa estrada percorrida passo a passo. Não há como acelerar o processo, encurtar o caminho, buscar atalhos...
25 anos de aprendizado diário. Dias de fartura, dias de escassez. Dias de alegria, dias de tristeza. Mas em todos os dias a presença do Deus todo poderoso para compor a terceira dobra do cordão que não se quebra.
Ele é o óleo que lubrifica a convivência para não se desgastar.
Ele é a água que hidrata os dois corpos feitos um só.
Ele é o pão que alimenta a relação, nutrindo-a para que não venha a desfalecer.
Ele é tudo em nós em todos os momentos.
Ele é o que é...
E nós somos o que Ele nos fez.
Transformou-nos a cada um, moldando-nos um ao outro.
Por vezes o barro estava endurecido e não foi possível apenas moldar.
A dor de ser vaso quebrado é forte, mas é maravilhoso ser vaso remodelado e não desprezado. Vaso reconstruído para ser cheio com as bênçãos daquele que o criou até transbordar para atingir os que estão ao redor.
É maravilhoso o resultado da nova obra, reajustada e adaptada à realidade da vida que se refaz.
É maravilhoso saber que o nosso Senhor nos ama.
É maravilhoso sentir o seu cuidado.
É maravilhoso viver debaixo de sua graça.
Maravilhosa e superabundante graça.
Louvado seja o nosso Senhor. Gracioso e misericordioso Senhor!

sábado, abril 17, 2010

AQUECIMENTO GLOBAL – MITO OU VERDADE?


A Terra está esquentando. Este é o assunto do momento. Grande parte dos escritores e estudiosos defendem essa idéia nos dias atuais e todos acabam aceitando sem questionar tudo que a mídia prega como verdade absoluta. É sábio e prudente ouvir também opiniões diferentes. Sobre aquecimento global existem pensamentos que são contrários a essa tese da maioria. É muito importante ouvir também aqueles não pensam conforme a mídia e têm bons argumentos em sua defesa.

Publico aqui uma parte da argumentação do Dr. Grady McMurtry contida no livro Criação versus Evolução (Curitiba: 2000, A D Santos Editora). O Dr. McMurthy é um conceituado cientista norte americano e não aceita a idéia de aquecimento global como estamos constantemente ouvindo nos meios de comunicação. 
______________________________

AQUECIMENTO GLOBAL! COM CERTEZA NÃO EXISTE VERDADE NISSO!

A Terra está esquentando? Nós vamos morrer desse aquecimento, fazendo que a terra se torne um deserto? Se não pararmos de usar nossos carros, nós como sociedade, sobreviveremos a esse holocausto? Qual é a verdade?

A promoção do “aquecimento global” é puramente uma agenda política de esquerda. Estas pessoas podem ser classificadas como subversivas do meio ambiente. As pessoas acreditam no “aquecimento global”, mas tal crença é irracional.

Veja esta afirmação atribuída ao ex-senador democrata do Colorado, Tim Wirth: “Nós temos que lançar a questão do aquecimento global. Mesmo que a teoria esteja errada, estaremos fazendo a coisa certa, em termos da política econômica e ambiental.”

Outro que precisa ser citado é o Sr. Al Gore, que de maneira irracional, ilógica, sem propósito e não cientifica afirma: “Nós estamos jogando tanto dióxido de carbono no meio ambiente da terra que literalmente, mudamos o relacionamento entre a terra e o sol.”

O AQUECIMENTO GLOBAL É VERDADE?

Não! Estamos simplesmente experimentando uma flutuação climática e ambiental normal.
Estamos vivendo o período do aquecimento do século 20. Até mesmo climatologistas provaram significativamente que a terra experimentou três épocas de um calor maior do que o período de aquecimento de hoje. Estas épocas foram nomeadas e determinadas ter acontecido aproximadamente:
1) Período de aquecimento Minoano (1450 a 1250 a.C).
2) Período de aquecimento Romano (250 a 01 a.C.).
3) Período do Esfriamento da Idade Media ( 01 a 800 d.C).
4) Período de aquecimento medieval (800 a 1250 d.C).
5) Pequena idade do gelo (1250 a 1900 d.C).
6) Período de aquecimento do Século 20 (1900 a 2010 d.C).

EXISTE CONSENSO CIENTIFICO DE QUE O AQUECIMENTO GLOBAL É VERDADE?

Não! O consenso não é o mesmo que verdade. O consenso não é informação. Não é o mesmo que um fato cientifico.

Não! A promoção atual do alarme sobre o aquecimento global é puramente uma agenda política de esquerda.

Não! A temperatura da terra tem flutuado para mais e para menos por centenas de anos por causa das variações da atividade solar bem estabelecidas e documentadas.

Não! O Dr. Richard Lindzen, professor universitário de meteorologia na MIT, antigo autor do painel internacional das nações unidas em mudanças climáticas, escreveu a respeito do aquecimento global: “o consenso sobre aquecimento global foi alcançado antes que a pesquisa começasse”.

Não! O Dr. Timoty Petterson, geologista canadense, escreveu ao Financial Post Canadense, em junho de 2007: “A estabilidade climática nunca foi uma característica do planeta Terra. A única constante a respeito do clima é a mudança; ele muda e às vezes, muito rápido. Muitas vezes no passado, as temperaturas estavam mais altas do que hoje, e ocasionalmente, estavam mais baixas”.

Não! O Dr. Bert Berlin, um meteorologista suíço, por oitos anos diretor do UM IPCC, afirmou “a questão do clima não é determinado; é incerto e incompleto”.

Não! Em uma carta aberta, ao governo canadense, chamada de “Kyoto Aberto ao Debate”, publicada no National Post canadense em 2006, 60 cientistas disseram: “quando o público entender que não existe consenso entre os cientistas climáticos sobre a importância relativa das variadas causas na mudança climática global, o governo estará em uma posição muito melhor para desenvolver planos que reflitam a realidade e então beneficiar o meio ambiente e a economia”.

Não! O Dr. Bob Carter, do laboratório de geofísica da Universidade James Cook na Austrália, escreveu: “Os argumentos circunstanciais de Al Gore são tão fracos que são até patéticos. É simplesmente inacreditável que eles, e seu filme, estão conseguindo a atenção do público”.

Finalmente, todos precisam entender que não existe consenso entre os cientistas climáticos sobre a importância relativa das causas variadas de mudança climática global.

Nosso Deus criador tem muito a nos ensinar a cada dia em sua Palavra. Muitos cristãos falham em pensar na Escritura quando estão tentando avaliar se eles deveriam estar preocupados ou não com a questão. Além disso, existem uma grande quantidade de informações cientificas sólidas que refutam qualquer afirmativa de que o “aquecimento global” ou o “resfriamento global” sejam verdades absolutas.

domingo, fevereiro 28, 2010

NELSON RIOS - UM TESTEMUNHO DE VIDA


As horas acertaram a vida do consertador de relógios. Além dos ponteiros que colocou em ordem, deu corda na própria história. Miudinho, falante, destemido, há 47 anos ele está ali, no mesmo lugar, dando sentido ao tempo - aquele que modifica rumos, altera trajetórias, apaga, renova, segue. Sempre segue. E foi assim que ele resolveu viver: seguindo, como os segundos, os milésimos de segundos que nunca deixou parar. Esse é Nelson, baiano, filho de um telegrafista e de uma costureira, irmão de Zenilde, casado com a goiana Lílian, pai de três filhos, cinco netos. Nome completo: Nelson Rios. Profissão: relojoeiro.

Era 1935. Nascia, na distante Pirituba, perto de Jacobina, distante 400km de Salvador, o homem que faria, anos depois, um pacto com o tempo. Inquieto desde sempre, viu um primo mais velho mexer com relógios. Curioso, ficou perto. Menino de calças curtas, pediu para ver o que ele fazia. "Comecei a futucar relógio", conta. Joel, o primo, incentivou. Passaram-se seis meses. Joel sofreu um acidente de carro. E o menino de calças curtas assumiu o ofício de gente grande. Virou um consertador das horas.

Aos 15 anos, em 1950, mudou-se para Salvador. "Lá, fui trabalhar numa relojoaria e me especializei com o Arcanjo, um dos mais afamados relojoeiros da época. Aprendi tudo dentro da oficina", diz. Ao mesmo tempo que não deixava as horas pararem, tocava os estudos. Terminou o ginásio e começou a fazer o curso normal. Um dia sonhou ser professor. Mas parou no segundo ano. Com um cunhado, montou uma oficina no Largo de São Francisco. Ali consertava relógios e vendia peças trazidas do Rio de Janeiro e São Paulo. Logo virou uma das lojas mais procuradas na capital baiana.

Passaram-se 12 anos. Um dia, em 1962, Nelson resolveu conhecer a terra de JK. Disseram-lhe que aqui ele poderia crescer ainda mais. A cidade começava. Tudo daria certo. Em janeiro do ano seguinte, aos 27 anos, o baiano de Pirituba juntou as economias que guardou ao longo de todos os anos consertando relógios e se mudou para Brasília. Alugou uma lojinha na 311 Sul. Morou na parte de cima dela. Foi o sétimo comerciante do lugar. "A gente catava freguês. Não tinha movimento".

Foi ali que montou sua relojoaria. Começava naquele janeiro de 1963 a saga do homem que fez do tempo o aliado. E sabe, como poucos, que elas, as horas, passam como o vento. "Elas não voltam nunca mais", diz. Aqui, na terra que lhe daria prosperidade, Nelson conheceu sua Lílian, a mulher e mãe de seus três filhos. "Aos 33 anos, com a idade de Cristo, me casei", ri. Enquanto ele consertava relógios, ela terminava os estudos na Universidade de Brasília. A mulher do consertador de relógios virou professora e técnica em educação. "Eu cheguei a trabalhar 12 horas por dia. Foi muito sacrifício, mas sempre me deu prazer. Não tem preço pegar um relógio todo arrebentado e colocar ele funcionando."

Os negócios se expandiram. A Relojoaria Rios abriu uma filial no Conjunto Nacional. "Foi a primeira do shopping", conta. Ao mesmo tempo, tentou levar o comércio a Taguatinga - hoje, ambas estão fechadas. Permaneceu apenas a da 311 Sul, onde a história de Nelson realmente pode ser contada. Há 47 anos, ele abre suas portas às 7h30 da manhã. Vai embora no fim do dia, com a sensação de que as horas sempre mudam o rumo das coisas.

COMO UM PACIENTE

Visitar a oficina de Nelson é como voltar no tempo. No subsolo da loja, centenas de relógios seculares e únicos esperam conserto - alguns de valor inestimável pela história que carregam. Para dar conta do ofício, ele conta com a ajuda do amigo de 47 anos, um homem que entende de horas como ele. Rui José Dias, goiano de 66 anos, encara o ofício como disposição juvenil. "Consertar relógio é manter a vida. É estar de acordo com o tempo. Uma terapia", reflete o relojoeiro de sorriso simpático e gestos delicados.

Por ali já passaram relógios ilustres e um pouco dos rumos do país e alguns dos seus períodos mais emblemáticos. As horas dos ex-presidentes Ernesto Geisel, João Batista Figueiredo e José Sarney foram acertadas ali, naquele subsolo cheio de tempo e delicadezas. "Dona Marly Sarney mandava o motorista trazer os relógios pro conserto", conta Nelson. Tem até um Martionot (legítimo relógio francês movido a corda) à espera de conserto. A peça faz parte do acervo do Palácio da Alvorada, residência oficial dos presidentes da República.

Parou por aí? Não. O homem que manteve o governador Arruda preso - Marco Aurélio Mello, ministro do Superior Tribunal Federal - também usa os serviços das mãos mágicas e precisas do relojoeiro Rui. "Vou à casa dele, no Lago Sul, para consertar um relógio de pedestal, de 2,20m", diz. E elogia, com voz pequena e elegância que faz lembrar o cantor Paulinho da Viola: "O ministro é um homem muito educado. Me deu um exemplar da Constituição brasileira".

Vendendo peças e principalmente consertando relógios seculares, Nelson formou os filhos e construiu seu patrimônio. Hoje mora numa casa confortável no Lago Sul e colocou o canudo na mão de cada um deles. "Uma é enfermeira, outra bancária e o rapaz, o caçula, é músico. Ele mora nos Estados Unidos", detalha o relojoeiro, orgulhoso do que pôde fazer pela família. Hoje, aos 75 anos, Nelson não mais conserta como antigamente. Mas nunca parou. "Todo dia eu mexo numa coisinha. Acerto os relógios. Só descanso no domingo."

Apaixonado pela profissão, o relojoeiro compara o ofício ao trabalho de um médico. "Consertar um relógio é como cuidar de um paciente. Cada detalhe é importante. E se faz tudo para não deixar que morra." E se morre, se o relógio para de vez? Ao contrário do paciente humano, o do relojoeiro sempre ressuscita. Em outro. "A gente reaproveita o que pode e faz com que volte a funcionar. O que não pode parar são as horas."

OFÍCIO EM EXTINÇÃO

Nelson e Rui temem pelo futuro de todos os "pacientes", aqueles que contaram o tempo de uma gente que nem mais existe. "O jovem da cidade grande não quer mais aprender o trabalho. Às vezes, o do interior ainda se interessa porque é o ofício que vai ter", constata Rui. Nelson emenda: "Vai chegar um dia em que todos eles (os relógios) irão parar por falta de quem saiba mexer neles. Não haverá substituto".

É meio-dia. As centenas de relógios do subsolo badalam as horas. É como se tudo, contraditoriamente, parasse. O silêncio - embalado pelas batidas das cordas e pêndulos - faz perceber que as horas realmente existem. "Esse barulhinho me faz bem", admite Nelson. Rui limpa os relógios com se limpasse ouro. E filosofa: "A hora é necessidade. Se a gente perde o tempo dela, não recupera nunca mais".

O miudinho Nelson, ainda com sotaque baiano bem marcante, continua, espantado com tanta hora que passou sem perceber: "Cheguei aos 75 anos e nem vi". Em seguida, confessa, emocionado: "Não tenho medo do tempo nem das horas. Ele (o tempo) não nos pertence". Rui, o amigo fiel, também entende disso.

O homem que passou cada segundo de sua vida cuidando das horas alheias gosta de viajar. Recentemente, foi aos os Estados Unidos, para visitar o filho músico. "A primeira coisa que faço é entrar em loja de relógios. Gosto de ver tudo. Fomos a um museu em Los Angeles e fui direto aos relógios antigos." O homem que conhece relógios como poucos tem muitos deles? "Não. Uns três ou quatro", diz. No braço esquerdo, usa um suíço Bulova. "Não foi caro, não. Custou menos de 200 dólares. Comprei na viagem aos Estados Unidos."

Hora do almoço. Nelson precisa se alimentar. De calça preta, celular pendurado ao cinto e sandálias de couro nos pés miudinhos, segue para um self-service da quadra. O expediente, como as horas, tem que continuar. Ele aprendeu que tudo, principalmente o tempo, é inexorável. Esta é a história do homem que acertou ponteiros como acertou a própria vida. Sem deixar que ela se atrasasse um só segundo.

____________________________________
Reportagem de capa do jornal Correio Brasiliense do dia 28/02/2010. Nelson Rios é presbítero emérito da Igreja Presbiteriana de Brasília. Nosso tio, irmão e grande amigo!
Veja a reportagem na página do jornal clicando AQUI